ESCRITOS DE JOAQUIM SÍLVIO CALDAS

Escritor, cronista e apaixonado por Natal
RN

jsc-2@uol.com.br


sábado, 22 de dezembro de 2012

Amor animal


Carlos Romero nasceu e mora no interior dos Estados Unidos, apesar do nome nos ser tão familiar. Ali, desde adolescente, acostumou-se a transar com eqüinos, segundo seu depoimento, por ter formas sexuais aproximada das mulheres.

Flagrado transando com uma jumenta, a Doodle, o Estado aplicou-lhe multa de 200 dólares, em favor dele próprio, Estado.

No interior do nosso país também é comum adolescentes transarem com animais e até mesmo bananeiras. Mas assim que conhecem alguma jovem manceba, abandonam o estranho hábito e procuram satisfação com o sexo oposto.

Contudo, no caso em foco, Carlos já é um homem adulto. A punição lastreou-se em pretenso maltrato dele a um animal. Não teve, o magistrado julgador o cuidado de verificar se a jumenta teria gostado do famigerado atentado ao puder. Alegou maltrato, quando so quem sabe se houve maltrato foi a parte interessada, no caso, a jumenta Doodle.

Por outro lado, a meu ver, caberia não ao Estado abiscoitar os duzentos dólares, mas sim à jumenta, ou por paga dos serviços prestados a Carlos ou por indenização por danos morais por ele causado. Enfim, a jumenta sequer foi ouvida no caso. Um absurdo.

Aqui, no país inventado por Cabral, quem leva os objetos penetrantes utilizado por Carlos não são mais os animais ou as bananeiras. Quem está levando fumo mesmo é o povo. E o pior, tem muita gente achando bom.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Por ser Natal




Por ser Natal, o homem pára a luta,

Faz uma festa, convida os amigos,

Confraterniza com os inimigos,

Relembra, enfim, o Cristo lá na gruta.



Por ser Natal, o homem é menos triste,

Esquece as mágoas com facilidade,

E busca agir com mais serenidade,

Não mais o grito, nem o dedo em riste.



Por ser Natal, por fim, os homens amam,

A tudo aceitam, a nada mais reclamam;

Todos unidos abominam o mal.



Por ser Natal é que às vezes cismo:

- Que bom se houvesse um novo catecismo,

Tornando o ano inteiro um só Natal...















sábado, 15 de dezembro de 2012

O fardo de Dilma


Não me refiro ao chamado fardo da idade, posto que nossa presidenta está firme, forte e lúcida.

Refiro-me ao fardo político que ela está a carregar. O fardo Luís Inácio.

Com efeito, as notícias contra Lula e seus mais próximos e antigos servidores vão se avolumando e deixando-nos a todos escandalizados ou no mínimo estarrecidos. E a cada denúncia, o fardo de Dilma se avoluma também.

O capital político dela cresce a cada pesquisa. A criatura superando os índices do criador. Nada obstante os escândalos estão se sucedendo em proporção igual ou maior à popularidade que Dilma está a desfrutar. Ninguém até hoje demonstrou qualquer desdize maior por ela cometido. Ao contrário, a impressão que nos passa a todos é de uma mulher séria, trabalhadora e batalhadora, tão politicamente sustentável, até agora, que tem a coragem de ainda defender as diatribes lulistas, demonstrando lealdade canina ao antigo chefe. Contudo, até quando o discurso de Dilma contribuirá para a imagem de Lula? A coisa está começando a extrapolar os limites da razoabilidade.

Que não venham depois os petistas do “ancien regime” querer jogar alguma culpa em Dilma pelo provável fracasso do “chefe”. Serei o primeiro a defendê-la. Pelo contrário, se alguma crítica se pode atribuir a ela é que está perto de chegar o dia em que não mais aguentará o fardo chamado Lula da Silva. Aí, sim, a corda se arrebenta.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Lula para principiantes


Pincei três declarações de Lula a respeito de desmandos de seus protegidos.

Durante as primeiras denúncias do Mensalão: “Eu não sabia de nada”. Entretanto continuou protegendo Zé, com unhas, dentes e barba.

“São uns aloprados” – esquema de corrupção pós Zé – dando a entender, também, que não sabia de nada.

“Fui traído” – referindo-se ao mais recente escândalo de seus protegidos que permaneceram nas entranhas do Executivo no governo atual.

Ora, se Lula não sabia da nada, isso seria possível, embora improvável. Afinal, ninguém mais do que ele e Zé amam o poder a qualquer custo. E ninguém mais próximo a ele do que o próprio Zé, então chefe da Casa Civil. Dizer que Lula, um cara vivo como ele, próximo dos principais personagens (Zé, Genuíno, Silvinho, do Land Rover e o grande Delúbio) não sabia de nada que estava se passando através de tão importante ministério, é dose para leão.

Mas a frase mais enigmática de Lula surge agora, na Alemanha, onde na qualidade de líder sindical participa de uma reunião internacional. Instado pelo repórter sobre as diatribes de Rose, respondeu sem pestanejar:

- Eu não fiquei surpreso.

De que Lula não ficou surpreso? Das atitudes de Rose? Do fato corriqueiro de mais um escândalo de gente por ele nomeada? De um escândalo provocado na gestão Dilma? Ou seja, que “não tem nada a ver com isso?

Uma das minhas lamentações por não estar vivo daqui a cinquenta anos é não ter acesso aos estudos dos pensadores do porvir em relação às atuais declarações de Lula.

Acho que Lula jamais será entendido em suas declarações. Nem pelos estudiosos e muito menos pelos principiantes. Afinal, de há muito, só quem entende de Lula são eles mesmos.





domingo, 2 de dezembro de 2012

Marcella vai ser juiza


Marcella Alves Vilar foi assistente do meu gabinete durante dois prazerosos anos de trabalho. Moça estudiosa, educada, organizada e competente. Enfim, tudo que se requer de uma boa servidora.

Agora, após uma árdua batalha em busca do seu ideal, Marcella conquistou o primeiro lugar no atual concurso a que se submeteu para tão honroso cargo, aqui mesmo, no nosso TRT da 21ª. Região.

Tendo exercido a função durante quase metade da minha existência, atrevo-me a fazer algumas considerações a mais nova Magistrada do Trabalho.

Marcella caríssima:

1) Lembre-se de que julgar é tarefa divina; a responsabilidade que a sociedade outorga a um dos seus, de vir julgar seus próprios semelhantes, é uma solução precária, mas essencial para a própria busca da paz e da harmonia de todos. Portanto, Deus há de julgar os juizes com muito mais rigor do que os demais viventes, pois afinal eles assumiram voluntariamente uma tarefa que é destinada a Ele.

2) Desconfie do juiz que encontra muita dificuldade em proferir uma sentença. Julgar é a coisa mais simples do mundo. Já diziam os antigos: Julgar é dar a cada um o que é seu. Simples assim. O problema se complica é quando o juiz quer favorecer a uma das partes. Se algum dia isso lhe perturbar a mente, lembre-se de que sabiamente a legislação abre-lhe a porta da honrosa suspeição. Melhor que sempre durma o tranqüilo sono dos justos.

3) Jamais abra mão de seus direitos e prerrogativas.

4) Não se envaideça jamais pelas palavras elogiosas que encontrar ao longo do caminho. Cuidado com as bajulações e repudie com firmeza os possíveis achaques. Recusando o primeiro, os outros provavelmente se intimidarão e a deixarão em paz.

5) Do mesmo modo, jamais se deixe abater se acaso surgirem críticas negativas ao seu desempenho. Elas, muitas vezes, são artimanhas do demônio para lhe intimidar. Aja de acordo com sua consciência e seja sobranceira.

6) Mantenha sempre em dia suas obrigações. Cumpra os prazos legais, pois seus jurisdicionados – mesmo os que não forem os favorecidos – só terão a lhe agradecer.

Por fim, rogando a Deus que lhe proteja e ilumine sempre, externo daqui a minha alegria pela sua conquista e meus votos de que o sucesso continue e premiar o seu esforço.