ESCRITOS DE JOAQUIM SÍLVIO CALDAS

Escritor, cronista e apaixonado por Natal
RN

jsc-2@uol.com.br


terça-feira, 30 de agosto de 2011

O livro de Gustavo

Não pude comparecer ao lançamento. Mas fui presenteado, mesmo assim, com o trabalho de Gustavo, pelo seu pai, meu amigo Clênio Freire.

Conheci Gustavo ele mal saído da adolescência. Extrovertido, bem humorado e bom estudante. Primeiro graduou-se em Biologia; depois, em Direito. Somente isso não significaria qualquer sinal de competência. A não ser o seu próprio currículo, já tão rico, apesar dos poucos anos de estrada. Talento, competência, bom humor e tenacidade. Acho que são palavras próximas de uma conceituação do meu jovem amigo.

Em menos de duas décadas, ele consegue um grande feito, ou seja, publica um livro da importância do Bioética e Direito.

Muito antes de nós alguém já disse que não existe nada de novo sob o Sol. Verdade inconteste. Mas existem sob o Sol, sempre, novas idéias, novas visões científicas, novos conceitos, novas descobertas e novas invenções.

Pois Gustavo conseguiu inovar sob um assunto antigo, mas que somente nas décadas atuais os cientistas sociais começam a produzir resultados de investigações, a influir na construção de novas posturas e em novos rumos para a humanidade. Sob pena, aliás, de destruirmos o planeta Terra antes mesmo da vontade Divina.

Hoje em dia minha ignorância a respeito das coisas avultou-se. Sobrou-me apenas a experiência acumulada do dia a dia. Mesmo assim sou capaz de avaliar a importância dessa produção, registrando a coragem e competência de Gustavo, o que projeta seu nome para o futuro.

O livro, de fato, contém apenas 129 páginas que conseguem chamar atenção não apenas dos estudiosos, mas de qualquer ser pensante pretendente a preservar o que resta do nosso planeta, pela reflexão muito óbvia, isto é, chama a atenção espetaculosa de todos os estragos que as guerras (principalmente as modernas) têm causado à humanidade, os mediatos e imediatos que elevam o número de mortes e doenças aparentes ou não. Entretanto a pobreza filosófica do mundo moderno obnubilam nosso pensamento em relação a fenômenos letais que estão destruindo o próprio mundo, paulatinamente e em termos globais.

Creio que essa seja a maior importância do destaque que Gustavo pretendeu desfraldar em defesa da vida (bio), servindo-se para tanto das ferramentas essenciais para a proteção da própria vida em geral, ou seja, destacando a ética e as leis, quer sejam elas ligadas ao direito natural, ou ao direito dos homens.

É de chamar atenção, a meu ver, o número de aviões cada vez crescente ao movimentar os ares do planeta, diuturnamente, provocando verdadeiro deslocamento dos ventos. Chama atenção, também, a imensa quantia de petróleo que é retirada das profundezas da terra, ao longo de mais de um século, sem que nada se reponha de onde tanto se explora. O que falar da destruição da fauna e da flora em geral, em nome de um progresso materialista irresponsável?

Enfim, são tantos os temas e subtemas que emergem de momentos reflexivos e pesquisas científicas que urge registros desenvolvidos por outros Gustavos, com a visão humanística e competência capazes de nos alertar para os inimagináveis crimes contra a humanidade que estamos a cometer o cada dia, em nome de um progresso inexistente e enganoso.

 

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Histórias (quase) engraçadas

Mal entrado na adolescência li uma crônica, salvo engano, do grande Rubem Braga, na qual seu personagem recebera um dinheiro a mais do governo.


Honesto (naquele tempo havia dessas manias), o beneficiário recorreu à repartição que lhe pagou a mais e dirigiu-se ao caixa, para providenciar a devida devoluão do excessivo pagamento.

De saída, foi logo recebendo um "delicado" não, do caixa.

'- Impossível, amigo, nossos caixas são somente pagadores. Para recolher dinheiro para o erário dirija-se à repartição tal.

Além de honesto, o bom homem teve a paciência de no dia seguinte enfrentar outro ônibus (a estória se passava no Rio de Janeiro) e tentou a nova repartição.

- É verdade, amigo, aqui apenas recolhemos pagamentos de impostos. Mas não é seu caso. Você está apenas querendo devolver dinheiro que lhe pagamos a mais. Portanto, não se trata dee impostos. Nada podemos fazer.

Já chateado, nosso herói tentou falar fcom o chefe da tal repartição. Ao final de três horas de espera foi atendido nos seguintes termos.

- Diga logo o que deseja, amigo. Já está na hora do almoo e tenho que sair.

- Bem, senhor diretor, estou apenas querendo deevolver um dinheiro...

- Devolver? Um dinheiro? Ora, amigo, aqui não recebemos devolução, a não ser recolhimento de impostos devidos. Portanto, o caixa lhe deu a informação correta.

Indignado o homem que já estava com a manhã perdida perdeu também a paciência, mas para não ir para casa com peso na consciência simlesmente pegou o envolope com o dinheiro da devolução e lançou-o à mesa do diretor.

- Pois o senhor faça desse dinheiro o que quiser. Quem perde é o Estado, mas ganho eu a minha paz de espírito.

E se foi.

Bem, a história é mais ou menos assim. Lembrei-me dela porque hoje acordei recordando uma parecida que se passou comigo.

Há uns vinte anos, assumi a presidência da então Junta de conciliação e Julgamento de Macau.

Naqueles idos, pelo menos por aqui, nem se falava no tal computador. As audiências e os atos procesiais em geral (inclusive as sentenças) andavam a passo de cágado, pois até então a única grande revolução que houvera na Justsiça fora a descoberta da máquina de datilografia, em sustituição às atas feitas à mão.

Assim, uma sentença, por mais parecida que fosse com a outra, tinha que ser totalmente datilografada, já que não havia os modernos recursos de adicionar trechos já computadorizados.

Nosso Tribunal ainda estava em vais de instalação e muito havia a se fazer e em que gastar.

Assim, adquiri eu mesmo um computador e introduzi-o na Junta. Um sucesso. A produção deu um salto.

Àquela altura estávamos criando no Tribunal uma diretoria de informática, uma grande novidade da época. Mas tudo incipiente e nossos computadores não passavam de dois ou très espalhados pela administração central. a implantação de novos computadores só começaria a ocorrer no próximo ano.

Bem, meu computador deu um problema e trouxe-o para Natal, para que a diretoria de informática desse um jeito.

Quinze dias depois recebi a notícia de que náo havia verba para consertar meu compujtjador. e como o comprutador era meu, o problema era meu. A pouca verba que havia destinava-se ao conserto de computadores de prorpriedade do governo. A não ser que eu fizesse uma doação do objeto para a repartição.

- Sem problema, disse eu. Só uso o computador mesmo apra o trabalho, na Junta. Vocês podem preparar o termo de doação, contanto que me mandem o bicho consertado, pois as sentenças estão começando a ficar atrasadas, pois tivermos que voltar à datilografia.

- Tudo bem, assim que o termo estiver preparado o senhor assina e em seguida providenciamos o conserto.

Cerca de um mês depois perdi a paciencia e telefonei.

- Amigo, o computador está pronto? Já faz um mês e nem o termo de doação vocês prepararam para eu assinar.

- Ah, doutor, tem uma novidade. O termo de doação não pode ser feito, pois seu computador é de segunda mão e a repartição não aceita esse tipo de doação.

Como na crônica de Rubem, deixei o computador por lá mesmo, enferrujando, e tive que esperar mais de um ano para que a Junta de Macau voltasse a funcionar com um computador. Que não o meu.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

CPI - por que não?

Embora já passado na casca do alho, confesso-me um ingênuo em relação às malícias da Política e dos políticos.


Pela lógica, tem razão os partidos de oposição quando pretendem instalar a CPI da corrupção.

Por outro lado, não entendo por que o governo federal (leia-se presidentA Dilma) insiste para que os partidos da base do governo procurem obstruir o desejo oposicionista.

Quanto aos oposicionistas pode-se alegar que só desejam a autopromoção, o brilho dos holofotes da mídia em geral. Pode até ser, mas não tem lógica.

Acho que a base governamental em parte tem razão. Mas as denúncias de corrupção são tão notáveis que melhor seria enfrentar uma CPI (já que a maioria dos membros serão mesmo da base do governo), de acordo com o antigo lema do "quem não deve não teme".

E nesse vai e vem nós, humildes eleitores, ficamos cada vez mais confusos. E o nosso rico dinheiro se esvai pelos ralos das infindáveis discussões e tempo perdido.

Creio que cabia ao governo Dilma, com as devidas cautelas, permitir a instalação da tal CPI. Acho que ganharíamos todos, inclusive o governo. A não ser que as maracutaias sejam tantas e tão profundas a ponto de se tornarem verdadeiros segredos de Estado.

Se realmente existem segredos inconfessáveis, tudo indica que o maior deles é necessariamente o do ex Palocci. Afinal há muito sua cara de pau foi desmascarada e ele sempre esteve na linha de frente dos apoios às candidaturas maiores. E, como não nasceu em berço de ouro fica difícil de explicar tanto sucesso financeiro no plano pessoal.

Quanto aos demais ministros demitidos por mais que possam, por acaso, ter se aproveitado do erário público, serão considerados sempre uns santos diante do grande mago Palocci.

De qualquer forma está fora do comentário acima o ministro Jobim, pois até agora nada se pode alegar da conduta dele, a não ser seu tamanho e grossura.



domingo, 7 de agosto de 2011

Jobim perdeui o tom

Perdeu o tom e o emprego. Falou demais.

Ninguém tem dúvida que o Jobim Nelson tem mente brilhante e currículo invejável. Mas o que lhe sobra em competência falta em modéstia. E mais, diz o que pensa, mas não pensa no que diz.

Com toda inteligência que Deus lhe deu, em matéria de reserva mental é um gigante de pés de barro. Acho que deve sofrer fortes dores no fígado.

Corajoso, capaz de segurar cobras imensas, grandalhão e grandiloquente, de repente começou a pronunciar frases dúbias e que começaram a afrontar o governo da ex-guerrilheira.

Talvez Dilma não tenha de logo demitido Jobim quando desnecessariamente fez uma dúbia alusão a idiotas e que tinha votado em José Serra, não por faltar a ela coragem, mas por exercer prudência em relação aos militares, por motivos óbvios.

Mas Jobim, talvez se considerando intocável pelo mesmo motivo, continuou sua verborragia extra-prudencial e ironizou com duas ministras de uma só vez. Foi demais.

Àquela altura, Dilma, que não tem nada de ingênua, já tinha produzido as sondagens necessárias e com toda razão fez o que tinha que fazer.

Jobim foi ministro do STF por indicação de Fernando Henrique. Jamais negou sua admiração por aquele ex-presidente. Lula sabia disso. Até aí, tudo bem. Nesse ponto uma nomeação de Lula que confiou na ombridade do amigo do rival político. E Dilma, em respeito a indicação do ex-presidente Lula manteve, talvez nem tanto por vontade própria dela, Jobim no novo ministério.

Considerando que no Brasil o voto é secreto, somente se justifica a desnecessária confissão de voto pelo ministro da defesa a uma provocação, uma afronta à presidente Dilma.

Ao contrário do outro Tom, que jamais desafinou Jobim tentou subir na serra, daí ter sido defenestrado.

Quanto à nomeação do novo ministro, aí é assunto para outra lera.