ESCRITOS DE JOAQUIM SÍLVIO CALDAS

Escritor, cronista e apaixonado por Natal
RN

jsc-2@uol.com.br


domingo, 21 de novembro de 2010

Turismo pra inglês ver e Tico da Costa

Faço essa crônica hoje constrangido, mas em nome da defesa de um título de cidadão norte-riograndense que o povo dessa terra me outorgou, com muita honra e felicidade para mim, por meio da Assembléia Legislativa do Estado.


Morri de vergonha. O fato ocorreu terça-feira da semana passada. Fui despedir-me da minha amiga de longa data, a doutora Alberlita Silva, que se encontrava no Aeroporto esperando um vôo que só ocorreria por volta das 15 horas, de volta a sua terra natal – Recife. Como ainda não passava do meio dia, achamos mais prático almoçarmos ali mesmo no aeroporto.

Para infelicidade minha bem melhor seria que tivéssemos nos contentado com um pequeno lanche na lanchonete do térreo, que oferece de fato alguns lanches saborosos. Mas não, caímos na bobagem de subir ao último andar, para experimentarmos a cozinha de um simulacro de restaurante que ali engana os incautos.

Em primeiro lugar, passamos mais de uma hora para ser afinal mal atendidos. Uma jovem garçonete, que nos confessou não passar de uma aprendiz, não tinha o menor conhecimento do que estava a nos oferecer. Foi preciso que viesse outra pessoa, por detrás do balcão, nos dar algumas explicações que também não entendemos. Preferimos então não correr muito risco e em vez de dois pratos, pedimos apenas um, já desconfiados que estava por vir.

Para beber solicitamos uma jarra de suco de laranja, ao que a jovem respondeu que só servia o suco em copos. Pedimos então o suco em copos. Passados cerca de 10 minutos a moiçola nos trouxe apenas um copo de suco.

- Mas querida, nós pedimos uma jarra para bebermos. Então você deveria trazer dois copos.

- Mas eu pensei que era um copo para vocês dois (...).

- Passados mais 10 minutos afinal veio o outro copo e um único prato e um único talher para nos servirmos.

- Moça, somos duas pessoas, portanto você deve trazer outro talher e mais um prato.

A moça foi lá dento e retornou ostentando um burraldo prato destinado a sopa (prato bem fundo).

- Mas querida, esse prato é de sopa. Traga-me um prato igual ao outro que veio com o almoço.

Retornando, a moça nos informou.

- Senhor, não temos mais prato raso, o único que tem é esse fundo mesmo.

- Então não vamos querer almoçar não querida, pode levar o prato de volta e o almoço também.

A essa altura a minha amiga olhou para dentro da cozinha e vislumbrou alguns pratos rasos que estavam para serem lavados.

- Minha filha, não dava para lavar um prato daqueles rasos que está ali?

Foi então que a moça foi lá, bateu boca com uma das colegas que estava dentro do balcão e afinal veio o prato raso devidamente lavado.

Não preciso dizer que a essa altura a comida esfriou e perdemos o apetite, embora a carne de sol que foi servida estivesse realmente saborosa.

Mal começamos a beliscar alguma coisa, para não ficarmos com fome, eis que chega um rapazola pedindo esmola pelas poucas mesas onde algumas pessoas se serviam.

Terminado o repasto (?) nos levantamos, ao que fomos interpelados por um simpático funcionário do aeroporto, que se identificou e tentou nos entrevistar.

- Boa tarde, sou funcionário do aeroporto (mostrou o crachá) e gostaria de saber o que está achando dos nossos serviços.

- Péssima qualidade, amigo, péssima qualidade.

Quando relatamos que para completar havia um rapaz (pedinte) mendigando entre as mesas ele saiu-se com essa:

- Senhor, não é possível. Mostre-me a pessoa!

Só teve um jeito, pedi-lhe humildes desculpas alegando pressa e fui deixar a amiga no portão de embarque. A ela sim, pedi também humildes desculpas em nome do povo natalense, tão hospitaleiro quando não se trata de equipamentos turísticos.

Como esperar progresso turístico, em que pese nosso imenso potencial, com equipamentos tão improvisados como o do nosso aeroporto? Como aproveitarmos os Cursos oferecidos pelo Sistema S e universidades para qualificar os recursos humanos que prestam serviços dessa natureza?

Bem, mas nem tudo estava perdido naquela terça-feira. À noite o teatro Alberto Maranhão viveu uma de suas noites gloriosas, revivendo os sucessos do meu amigo Tico da Costa que se encontra em outro plano. Destaque para o maestro Bem-Bem e sua Banda Cruzetina, para a moça que deu um verdadeiro show cantando de Tico a Ana Bandolim, acompanhada de um quinteto de cordas da UFRN. Destaque também para a fibra e o denodo da viúva Sara, que continua a zelar com o maior esmero pela memória do marido que se foi tão jovem.

Graças a Deus a ex-governadora Vilma assinou decreto, pouco antes de deixar o governo, que vem permitindo a Sara e seus três filhos um sustento digno da obra que Tico da Costa legou ao nosso Estado e que divulgou com muito brilho em vários países da Europa e dos Estados Unidos.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

As novas memórias de Eider

Natal viveu quarta-feira passada mais uma noitada (no melhor estilo da palavra) promovida pelo amigo Eider Furtado e família.

O motivo principal era o lançamento do seu terceiro livro – “Nas Veredas do Tempo” – mas no fundo, o que Eider gosta mesmo é de recepcionar e bem os amigos.

Casa cheia de pessoas gradas, água escocesa da melhor qualidade, tira-gostos para todos os gostos, verdadeiro desfile de elegância feminina, boa música e, pelo menos na mesa que tive a felicidade de ocupar, fui ladeado por Anna e Camilo Barreto, Zélia Madruga, Assis Câmara, Genibaldo e Mário (filho do saudoso José Valdenício).

Não preciso dizer que a (boa) fofoca tomou conta da nossa mesa. E lá para as tantas, movido talvez pelo embalo da noite, surgiram comentários sobre um grupo que fará proximamente turismo na Ilha de Fidel Castro.

‘ - Em Cuba!? – exclamei interrogando.

- Em Cuba, sim, respondeu-me um dos turistas.

- Mas pelo que conheço de algumas pessoas do grupo, são pessoas que jamais se animariam para gastar dinheiro fazendo viagem a Cuba, quando por um pouquinho de dólares a mais poderiam fazer turismo em Miami e redondezas. Isso sim, coisa de capitalista ou simpatizante.

- É – respondeu alguém. Mas na verdade, na prática o que vai prevalecer mesmo é um turismo de negócios.

- Negócios em Cuba? Aí foi que não entendi mesmo.

- Bem – respondeu-me alguém. Um dos setentões soube que o governo de Fidel distribui uma espécie de bolsa (coisa de setenta pesos) para pessoas maiores de setenta anos, bastando provar que não possui emprego na Ilha nem goza de qualquer aposentadoria por lá.

- Tudo bem. E o outro?

- Bem, o outro vai a fim de adquirir algumas casas baratas em bairros que futuramente podem se tornar atraentes, quando cessar o embargo à Ilha. Assim, ele adquire as casas velhas agora e quando os americanos promoverem as pazes com Cuba a Ilha vai retomar o rumo do capitalismo e aí os imóveis bombarão os preços.

- Questão de visão capitalista, Sílvio. Quando retornar da viagem lhe conto o resultado.

Caro leitor, igualzinho a você, também entendi muito pouco o espírito da coisa.

Mas que valeu a noitada, como sempre, valeu.

Parabéns Eider, por tudo. E a Fidel, boa sorte!

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Está chegando a hora

Oi carmen,
obrigado pelo comentário. Mas acho muito cedo para você mudar de rumo. A Justiça aind aprecisa muito de você. Segure a barra, afinal ainda é uma jovem senhora.
abr. sílvio caldas.

É de lascar!

Não encontro expressão melhor para resumir minha indignação e de quem tem juízo. Refiro-me aos últimos acontecimentos ocorridos no nosso Estado envolvendo desvio de recursos federais e que estão repercutindo no resto do País.
O esquema dessa vez foi montado na Superintendência do Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes (DINIT), sendo que um dos cabeças é parente de Agaciel Maia, aquele do Senado, e também do deputado federal reeleito João Maia, que se jactava em sua propaganda de haver carreado verbas para construção de estradas no Rio Grande do Norte.
Aliás, esse apadrinhado, sobrinho do deputado, de nome Gleidson Maia fora cotado até para assumir a Superintendência do Departamento Estadual de Rodagem e declinou do convite, preferindo continuar prestando patrióticos serviços no DINIT. Freud explica.
São muitos os escândalos envolvendo o atual governo da República, e pelo andar da carruagem (questão de lógica) as quadrilhas vão continuar agindo.
Não se diga, a bem da verdade, que a Polícia Federal, que é comandada pelo Ministério da Justiça não tem procurado exercer seu papel com independência republicana. A partir de sua atuação seguem-se os trâmites judiciais legais, fora da interferência do Poder Executivo, a não ser que se comprove futuramente algum tráfico de influência de um Poder sobre o outro. Aí seria o fim da picada.
Sei que nossa geração é diretamente prejudicada, pois somos os contribuintes lesados do dia. Resta apelar para que as futuras gerações venham a desvendar o que de fato ocorreu no governo Lula. “Nunca antes” nesse país se denunciou claramente tanta safadeza, o que é sintoma de uma democracia em marcha, com o apoio da Imprensa falada e escrita que socializa os bons serviços prestados pelo Ministério Público Federal e pela Polícia Federal. Ao mesmo tempo, nunca houve, quiçá na América Latina, um governo com tão grande índice de aprovação popular.
Isso sim, nem Freud explica.




Ao vencedor as batatas

Assim diria o velho Machado. Mas nem sempre. Depende se Tiririca vai ser aprovado no exame que comprovará ou não se é um apedeuta. Quanto a Zé, desceu a serra. Quanto a Marina, como diria Caimy, estou “de mal com você”. Resta agora saber se o Presidente Lula vai querer dar uma de tirano ou de estadista, a partir de dois de janeiro.
Mas o bom mesmo da semana que passou foi aquele programa que versou sobre a vida e a obra de Adoniran Barbosa. A televisão tem dessas coisas. De vez em quando quebra a tradição de idiotices e apresenta algo que valha a pena. Lamentável que demore tanto tempo para elaborar programas daquele nível.
Acho que é o retrato do Brasil, enfim. País de potencialidades mil, mas que prefere gastar suas energias com praia, carnaval, cachaça e futebol. Ah, e com o Bolsa Família também. Não que eu seja contra mitigar a fome de quem sofre desse mal social. Mas o que o homem precisa mesmo é de um Programa que lhe qualifique e lhe ofereça oportunidade de ingresso no mercado de trabalho. Fui educado ouvindo música nordestina da melhor qualidade. “Seu doutô, uma esmola a um home qui é são, ou lhe mata de vergonha ou vicia o cidadão”.
Muitos se impressionam com a quase unanimidade alcançada pelo governo Lula diante da avaliação das estatísticas. Claro que Lula tem seu valor, e disso ninguém duvida. Mas na Alemanha também Hitler teve seu governo apoiado pela imensa maioria. Não acho que seja por aí.
De qualquer sorte, temos mais quatro anos de, não digo petismo propriamente, mas de lulismo pela frente. Só peço a Deus que Dilma não invente de recolocar Dirceu na Casa Civil. De resto, e em termos globais, o Brasil vai até melhor do que se esperava.
Bom seria também que mantivéssemos relacionamentos mais discretos com os governos ditadoriais.
Mas o problema todo se resume no seguinte: Dilma será ela mesma, ou Lula continuará mandando? Se a segunda alternativa prevalecer, melhor que ele tivesse mesmo era dado uma de Hugo Chávez.. Assim saberíamos melhor com quem estávamos lidando.
Como não entendo de política, encerro sem entender qual foi a verdadeira intenção da nossa Prefeita. Juro que fiquei sem entender. Mas ela deve ter lá suas razões. Tem que ter!