ESCRITOS DE JOAQUIM SÍLVIO CALDAS

Escritor, cronista e apaixonado por Natal
RN

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terça-feira, 23 de abril de 2013

Meu são João de Antigamente


Refiro-me à década de 50. Ao que me lembre, só éramos nascidos Vera e eu.

Meu pai animou minha mãe e enfrentamos dois dias de viagem de trem, do Recife até Porto Real de Colégio. De lá ainda tivemos que atravessar o velho Chico de canoa até Própria. Como era época de rio seco, a canoa não navegava até o Cedro.

O Cedro, que se chamava “de São João”, por si só já dizia da animação dos folguedos joaninos.

Minha mãe aderiu com muito gosto à idéia, pois de há muito não se encontrava com as cunhadas, notadamente as tias Mera e Nana, com quem costumava armar “barracas”. Ou seja, tricotar a vida alheia. Naquelas conversas de comadre, sabia-se de tudo e o que não se sabia se inventava.

Tia Nana e tio Manoelzinho moravam exatamente defronte da Igreja. De lá só saíram quando o primo Antônio casou com a bela Heloisa.

Dois dias após nossa chegada era a véspera de São João. Fogueiras imensas, o padre Maneca patrocinando a queima de fogos. Após a novena (ah, o coral, liderado por tia Glorinha e seu indefectível violino) começavam os folguedos.

Naquela noite me esbaldei. Além do dinheiro que meu pai me proporcionou ainda consegui algum com tio Manoelzinho (o da tia Nana) e investi tudinho no leilão.

O leiloeiro era Tonho de Beija, e desconfio hoje que ele acolhia com muita facilidade meus lanços. Não sei se naquela noite alguém arrematou mais prendas do que eu. Cheguei na casa da tia Mera ajudado pelos amiguinhos (o próprio filho de Tonho dé Beija e Normando, dentre outros. Era manga, galinha, castanha, caju, bolo de pé-de-moleque. Pois até um bode velho consegui arrematar.

De certo modo tia Mera gostou, pois casa cheia, tudo que animasse a mesa seria bem vindo.

Meu problema prendeu-se ao bode velho. Queria levá-lo comigo para o Recife. Por meu saudoso pai, teria ele dado um jeitinho no trem. O problema foi que minha mãe bronqueou. Resultado: fui obrigado a deixar o bode velho no Cedro.





sexta-feira, 12 de abril de 2013

O Diabo é quem duvida

Finalmente, a Polícia Federal foi acionada a fim de investigar a participação ou não do ex presidente Lula nas operações denominadas Mensalão.


A delação provém de um mau caráter, o famigerado Valério. Acho que até entre bandidos caberia uma “espécie” de ética, mas no caso Valério está na fase do salve-se quem puder”. Tudo ou nada. Nada a perder.

Em seu ato dedurista ele liga Palocci a Lula, o que não é novidade para ninguém.

Como a maioria do povo brasileiro, não creio que ao final essa investigação vai dar em alguma coisa. Afinal, o calote legal da prescrição serve também para essas coisas.

Pessoalmente não acredito na inocência de Lula e muito menos na de Palocci, apesar da fonte delatora não valer nada. Mas achar ou não que a dupla é inocente de nada adianta. É puro achismo. O importante é provar. Ainda que eles possan se beneficiar, a essa altura, do benefício prescribendo. Mas pelo menos teremos certeza de algumas coisitas. Melhor do que morrer na dúvida.

Quanto ao ministro Fux, dou-lhe sim o benefício da dúvida em relação às insinuações sem prova do meliante Zé. Infelizmente nosso sistema de ascensão judiciária nos faz depender do Poder Executivo que, quando mal utilizado, pode sim, deixar seqüelas através de promessas ou de insinuações inteligentes. Faz parte da regra do jogo, nem sempre limpo. Melhor que o Poder Judiciário não dependesse de nenhum Poder Executivo na hora da promoção ou de indicação para ministro do STJ, do TST ou do STF. Aliás, até para a nomeação de desembargador o Judiciário depende da chancela do Poder Executivo.



domingo, 7 de abril de 2013

A arrogância/burrice d Jacques Wagner


Dizem que bahiano burro nasce morto. O governador Jacques acaba de provar que a frase é falsa.

Em recente declarações produziu essa pérola: “Como eu não acredito em Deus, acho que a culpa é das mudanças climáticas”.

Assim, não acreditando em Deus, pratica a ciência do achismo para explicar o fenômeno das mudanças climáticas da Bahia (e do Nordeste em geral).

Ora, gente muito mais importante do que esse “cara” já se pronunciou (e se machucou) em relação à existência de Deus. O construtor do Titanic virou um clássico exemplo.

O problema é que Jacques é tão desimportante que acho que só o PT tem conhecimento da existência dele.

Nenhum cristão minimamente inteligente atribuiria ou não ao Criador a existência da seca nordestina como uma responsabilidade divina propriamente dita. Seria o mesmo que atribuir-lhe a existência da bomba atômica. Segundo meu antigo professor de filosofia, e um péssimo (e errado) filosofar atribuir as causas imediatas à causa primeira (causa causarum).

Agora, discutir essa tal de “causa causarum” com a estupidez ignorante de um Jacques qualquer, seria também burrice.

Melhor deixar que Jacques continui pensando que obrou uma pérola com sua frase de (d)efeito.

E os bahianos que se cuidem e aprendam a eleger políticos honestos e que não desprezem Deus. Pois apesar dos Jacques da vida, acredito que Ele existe. E apesar da seca nordestina.