ESCRITOS DE JOAQUIM SÍLVIO CALDAS

Escritor, cronista e apaixonado por Natal
RN

jsc-2@uol.com.br


terça-feira, 19 de março de 2013

Matemática não, mas Português eu agaranto

Eu cursava o antigo primeiro ano ginasial. Esqueci-me colocar acento no meu próprio nome – Sílvio, dentre outros pequenos erros gramaticais. Resultado: professor Olegário tacou-me um quatro, remetendo-me à segunda época.


Como meu saudoso pai era também professor no mesmo colégio (Salesiano) fui a ele me queixar da “perseguição” que acabara de sofrer do referido professor.

Sabiamente meu pai extra-oficialmente foi dar uma lida na minha prova.

- O senhor reclama do quê? Nem seu próprio nome escreve corretamente ainda. Merecia era um dois, em vez de quatr!

Serviu-me de lição.

Mas agora as coisas mudaram. As melhores redações do ENEM (concurso a nível nacional) selecionaram até receita de macarrão emmeio a uma redação. Isso sem falar nos mais comezinhos erros de grafia.

Se as melhores redações foram as apresentadas pela imprensa, o que dizer das medianas?

Então estatisticamente estamos indo muito bem. Vamos nos afogar num lago que possui 10 cm médios de profundidade. Só que estamos no fundo do porão do lago. Mas a média é de apenas 10 cm.

E o pior, ainda tem “mestres” lingüísticos que justificam os tais erros, dizendo que está tudo bem.

Se um país deixa de dominar a própria língua, vai dominar o quê?

sexta-feira, 15 de março de 2013

No país de Mizael


No país de Mizael o “cara” mata a ex-namorada, por motivo torpe, esconde o corpo no fundo de uma lagoa, dificulta o mais que pode as investigações e daqui há sete curtos anos estará de volta.

A sensação de impunidade mais uma vez toma conta da sociedade e alguns incautos continuam culpando o Poder Judiciário, quando em verdade quem cria tão estranha legislação é o Poder Legislativo. Ao Judiciário cabe apenas cumprir a lei.

Nosso país está chegando a um ponto que seria cômico, não fossem as ridículos situações e incoerências. Para não falar nos transgressores mirins/adolescentes, nossos concursos públicos estão agora a querer desclassificar pessoas “gordas” ou mulheres que não tenham mantido o hímen intacto antes do casamento. Essa última exigência foi feita ultimamente pelo governo petista da Bahia, para que mulheres pudessem ingressar no concurso de seleção da polícia militar. Foi preciso que o governador petista interferisse pessoalmente para aliviar a mancada.

Pois é, no país de Mizael vale tudo, desde que esse tudo seja em favor de interesses escusos e inexplicáveis. E o povo que se cuide.

Por falar em povo, o governo venezuelano não vai mais puder embalsamar Chaves, pois o defunto tinha que ainda está fresco para começar o processo de embalsamamento.

Aqui, ainda temos tempo.

terça-feira, 12 de março de 2013

O cara


O cara vai ao bar, enche a cara, pega o carrão, sai ziguezagueando, atropela um operário que se dirigia ao trabalho, amputa-lhe o braço, que fica dentro do veículo e sem se importar com o acidente se manda.

Mais adiante, percebe que o braço amputado está no assento trazeiro do seu carrão. Pára o veículo, pega o braço, joga num canal e se manda de novo. Esconde o carro.

Não sei por que cargas d’água (remorso, talvez) apresenta-se acompanhado do papai ao delegado e conta, a seu modo, o que aconteceu.

Enquanto isso, no hospital, o amputado perde a chance de tentar recolocar o braço amputado, pois o braço desapareceu nas águas do canal. A medicina não pode fazer mais nada. A essa altura o auxiliar de serviços gerais fica prejudicado para o resto da vida, enquanto o filhinho de papai limita-se a dizer que “estou arrependido”.

Só falta esse fdp se apresentar no Faustão, domingo próximo e cantar: “Esse cara sou eu!”

Férias inesquecíveis

Férias inesquecíveis




Por Sílvio Caldas (jsc-2@uol.com.br)



Existe férias e férias. As últimas, são as que chamamos de inesquecíveis.

A década era a de 50. Minha tia Janete fora transferida do seu emprego nos Correios e Telégrafos do Recife para o antigo distrito de Serrinha, até pouco tempo pertencente ao município de Garanhuns e recém batizado de Paranatama, município autônomo.

Meu primo Jair e eu fomos levados pela minha avó Silvana para ali passarmos nossas férias escolares. Tínhamos de 6 para 7 anos de idade.

Nossa primeira aventura foi quando o caminhão que nos transportava de Garanhuns para Serrinha/Paranatama quase se atolava no pequeno riacho que atravessava a então estrada carroçável.

Por fim, lá chagamos por volta das 16 horas. Tia Janete, que sempre fora festeira, como nunca, era uma festa só.

Por volta das 17 horas, o tradicional café com biscoito da terra. A casa cheia de vizinhos que vieram conhecer minha avó e os netos.

Cansados da viagem, fomos dormir cedo, envolto em grossas cobertas e lã, pois o frio era de junho.

Pela manhã, após o café que mais parecia um almoço fomos brincar num cafezal que distava poucos metros do quintal da casa e ali ficamos deslumbrados com as novidades das paisagens que se abria para nós pela primeira vez.

À noitinha os vizinhos se reuniam na calçada da casa de tia Janete para colocar as conversas em dia, ao passo que nós nos juntávamos com as crianças em torno de uma pequena fogueira que servia para espantar o frio.

Porém fogueira bonita mesmo foi a que se ergueu no meio da rua na véspera de São João. Naquela noite fomos dormir bem mais tarde. Tapioca, canjica, pé-de-moleque, pamonha. Isso sem falar no gostoso café moído na hora e no chocolate quente.

Dois dias após passei a entender o significado do antigo ditado: o que é bom, dura pouco. As férias findaram, Tínhamos que retornar para o Recife. Recomeço das aulas. Minha tia ficou chorosa, mas assim mesmo ainda nos acompanhou até Garanhuns, onde apanhamos a chamada “marinete” ou “sopa” que nos trouxe de volta à realidade da vida.





sábado, 9 de março de 2013

O caso Bruno

Dentro de três anos Bruno voltará aos campos da glória, do luxo e da riqueza. É o que indica a condenação que lhe foi imposta.


Como Direito Penal nunca foi meu ramo, falo aqui como simples cidadão, que cada vez entende menos desse intricado ramo do Direito no nosso país.

Dói no cidadão comum ver, como temos visto em Natal, nos noticiários especializados, jovens de menor zombando da legislação, sob o manto da impunidade.

O problema é que nossa legislação aprimorou-se em proteger os direitos da criança e do adolescente (ECA), mas se esqueceu de proteger os cidadãos de bem. Verdadeiro desequilíbrio social.

Por ouro lado, nossas cadeias (pelo menos pelo que assistimos no dia-a-dia da televisão, são verdadeiras fábricas de monstros, verdadeira vergonha em matéria prisional. Pode ser que quando Zé for passar alguns meses preso alguma coisa melhore.

Dá pena estamos vivendo aqui no nosso Estado verdadeiro estado de necessidade. Educação, Segurança, Saúde... zero. E o pior, nossa governadora é médica. Pelo menos na área da saúde ela bem poderia fazer alguma coisa, por uma questão de coerência. Parece mentira, mas no nosso maior hospital público, o Walfredo Gurgel, existe nove equipamentos para produzir oxigênio quebradas. Tanto que acaba de falecer recentemente um cidadão norueguês por falta de utilização de uma dos equipamentos.

Ah, me desviei do caso Bruno. São tantas as benesses legais para os bandidos que nos perdemos nesse emaranhado de incoerências legais.

Pobre da Eliza! Foi se meter com marginal, pensando só na riqueza que ele ostentava e deu no que deu.

Quanto a Bruno, dentro de três anos volta a ser um herói dos nossos campos de futebol, dinheiro no bolso, imprensa esportiva a seus pés e a sociedade a ver navio.



terça-feira, 5 de março de 2013

Z[é cara de pau


“Baixou” ontem em Natal o famoso Zé, principal protagonista do indefectível Mensalão.

Zé foi condenado, mas dificilmente chegará a cumprir a pena. Ontem mesmo anunciou que vai se utilizar de todos os recursos procastinatórios legais, culminando com um recurso à corte internacional de Costa Rica, que julga crimes políticos! Ou seja, Zé morrerá muito antes que os processos legais sejam consumidos.

Quando eu era menino (faz muito tempo!)_li um cordel intitulado “A chegada de Lampião no inferno”. Não me recordo mais do desenrolar da estória, mas o certo é que Lampião deu muito trabalho a Lucifer. Coisas do anedotário do cordel Nordestino.

Já que Zé cara de pau vai findar escapando da punição, pela consumação dos tempos terrenos, acho que ele irá sim, perturbar, juntamente com Lampião, o velho Lúcifer.

Mas o pior não é Zé escapar, pois afinal de contas, Maluf vem escapando há muito mais tempo. Aliás, não sei dos dois quem é o mais cara de pau.

Haja óleo de peroba!

domingo, 3 de março de 2013

O deputado Tiririca


Quando Tiririca foi o deputado federal mais votado por São Paulo tive a sensação de estar revivendo os idos da eleição do “bode cheiroso”, no município de Jaboatão, em Pernambuco ou mesmo da eleição do índio Juruna, aquele que gravava tudo.

Contudo, hoje me arrependo de artigo que escrevi por ocasião da eleição de Tiririca (que dizia que “pior não fica”). O problema é que não ficou pior. A Câmara melhorou um pouquinho graças justamente à atuação de Tiririca. Assíduo, sério, integrado com devotamento à nova missão, Tiririca deixou de ser o palhaço que todos esperava e passou a sem um deputado exemplar em relação à média.

Porém alegria dura pouco. Tiririca, desiludido, retira-se da vida pública e volta a ser o palhaço que sempre foi. Perdemos portanto um deputado sério. Em compensação Tiririca retorna ao picadeiro, pois não agüentou o “tranco” do Congresso. Palhaçada por palhaçada, prefere a de antanho, que é mais autêntica, mais profissional e bem mais patriótica.

Parabéns Tiririca, você provou que daria um bom deputado, apesar da palhaçada dos colegas de lá.

Seja bem vindo, mais uma vez, ao autêntico e honesto picadeiro.



sábado, 2 de março de 2013

Candidato a Carmelengo

Segundo alguns palpiteiros, nosso Cardeal Sherer e sério candidato a assumir os destinos da fé cristã. Como diria o grande Millor, o livre pensar e só pensar. Assim, não deixa de ser para nós motivo de certo orgulho termos nem que seja efemeramente falando, um candidato a Papa.


Não digo que sou contra, mas tenho receio de que isso não daria certo. Não pelas qualidades de dom Sherer, que são muitas, mas pelas peculiaridades do nosso Pais.

Na sua primeira visita ao Brasil, que seria bem próxima, ate por causa do Encontro da Juventude nosso Papa seria convidado a dar um pulinho até Salvador, para prestigiar a lavagem das calçadas da Igreja do Senhor do Bonfim, pelas avantajadas e simpáticas bahianas do candomblé.

No Carnaval, lá estaria o Papa mais uma ver convidado para participar do desfile, posto que já se teria criado, no Rio de Janeiro, a Escola de Samba Unidos do Vaticano. Enfim, uma zorra.

Não, não dá certo. Ainda não estamos preparados para eleger um novo Papa.

E o pior de tudo, com essa aliança do PMDB com o PT, certamente que Lula iria insistir em ser nomeado o novo Carmelengo do Papado.

Não, realmente, não daria certo.