ESCRITOS DE JOAQUIM SÍLVIO CALDAS

Escritor, cronista e apaixonado por Natal
RN

jsc-2@uol.com.br


sábado, 22 de dezembro de 2012

Amor animal


Carlos Romero nasceu e mora no interior dos Estados Unidos, apesar do nome nos ser tão familiar. Ali, desde adolescente, acostumou-se a transar com eqüinos, segundo seu depoimento, por ter formas sexuais aproximada das mulheres.

Flagrado transando com uma jumenta, a Doodle, o Estado aplicou-lhe multa de 200 dólares, em favor dele próprio, Estado.

No interior do nosso país também é comum adolescentes transarem com animais e até mesmo bananeiras. Mas assim que conhecem alguma jovem manceba, abandonam o estranho hábito e procuram satisfação com o sexo oposto.

Contudo, no caso em foco, Carlos já é um homem adulto. A punição lastreou-se em pretenso maltrato dele a um animal. Não teve, o magistrado julgador o cuidado de verificar se a jumenta teria gostado do famigerado atentado ao puder. Alegou maltrato, quando so quem sabe se houve maltrato foi a parte interessada, no caso, a jumenta Doodle.

Por outro lado, a meu ver, caberia não ao Estado abiscoitar os duzentos dólares, mas sim à jumenta, ou por paga dos serviços prestados a Carlos ou por indenização por danos morais por ele causado. Enfim, a jumenta sequer foi ouvida no caso. Um absurdo.

Aqui, no país inventado por Cabral, quem leva os objetos penetrantes utilizado por Carlos não são mais os animais ou as bananeiras. Quem está levando fumo mesmo é o povo. E o pior, tem muita gente achando bom.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Por ser Natal




Por ser Natal, o homem pára a luta,

Faz uma festa, convida os amigos,

Confraterniza com os inimigos,

Relembra, enfim, o Cristo lá na gruta.



Por ser Natal, o homem é menos triste,

Esquece as mágoas com facilidade,

E busca agir com mais serenidade,

Não mais o grito, nem o dedo em riste.



Por ser Natal, por fim, os homens amam,

A tudo aceitam, a nada mais reclamam;

Todos unidos abominam o mal.



Por ser Natal é que às vezes cismo:

- Que bom se houvesse um novo catecismo,

Tornando o ano inteiro um só Natal...















sábado, 15 de dezembro de 2012

O fardo de Dilma


Não me refiro ao chamado fardo da idade, posto que nossa presidenta está firme, forte e lúcida.

Refiro-me ao fardo político que ela está a carregar. O fardo Luís Inácio.

Com efeito, as notícias contra Lula e seus mais próximos e antigos servidores vão se avolumando e deixando-nos a todos escandalizados ou no mínimo estarrecidos. E a cada denúncia, o fardo de Dilma se avoluma também.

O capital político dela cresce a cada pesquisa. A criatura superando os índices do criador. Nada obstante os escândalos estão se sucedendo em proporção igual ou maior à popularidade que Dilma está a desfrutar. Ninguém até hoje demonstrou qualquer desdize maior por ela cometido. Ao contrário, a impressão que nos passa a todos é de uma mulher séria, trabalhadora e batalhadora, tão politicamente sustentável, até agora, que tem a coragem de ainda defender as diatribes lulistas, demonstrando lealdade canina ao antigo chefe. Contudo, até quando o discurso de Dilma contribuirá para a imagem de Lula? A coisa está começando a extrapolar os limites da razoabilidade.

Que não venham depois os petistas do “ancien regime” querer jogar alguma culpa em Dilma pelo provável fracasso do “chefe”. Serei o primeiro a defendê-la. Pelo contrário, se alguma crítica se pode atribuir a ela é que está perto de chegar o dia em que não mais aguentará o fardo chamado Lula da Silva. Aí, sim, a corda se arrebenta.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Lula para principiantes


Pincei três declarações de Lula a respeito de desmandos de seus protegidos.

Durante as primeiras denúncias do Mensalão: “Eu não sabia de nada”. Entretanto continuou protegendo Zé, com unhas, dentes e barba.

“São uns aloprados” – esquema de corrupção pós Zé – dando a entender, também, que não sabia de nada.

“Fui traído” – referindo-se ao mais recente escândalo de seus protegidos que permaneceram nas entranhas do Executivo no governo atual.

Ora, se Lula não sabia da nada, isso seria possível, embora improvável. Afinal, ninguém mais do que ele e Zé amam o poder a qualquer custo. E ninguém mais próximo a ele do que o próprio Zé, então chefe da Casa Civil. Dizer que Lula, um cara vivo como ele, próximo dos principais personagens (Zé, Genuíno, Silvinho, do Land Rover e o grande Delúbio) não sabia de nada que estava se passando através de tão importante ministério, é dose para leão.

Mas a frase mais enigmática de Lula surge agora, na Alemanha, onde na qualidade de líder sindical participa de uma reunião internacional. Instado pelo repórter sobre as diatribes de Rose, respondeu sem pestanejar:

- Eu não fiquei surpreso.

De que Lula não ficou surpreso? Das atitudes de Rose? Do fato corriqueiro de mais um escândalo de gente por ele nomeada? De um escândalo provocado na gestão Dilma? Ou seja, que “não tem nada a ver com isso?

Uma das minhas lamentações por não estar vivo daqui a cinquenta anos é não ter acesso aos estudos dos pensadores do porvir em relação às atuais declarações de Lula.

Acho que Lula jamais será entendido em suas declarações. Nem pelos estudiosos e muito menos pelos principiantes. Afinal, de há muito, só quem entende de Lula são eles mesmos.





domingo, 2 de dezembro de 2012

Marcella vai ser juiza


Marcella Alves Vilar foi assistente do meu gabinete durante dois prazerosos anos de trabalho. Moça estudiosa, educada, organizada e competente. Enfim, tudo que se requer de uma boa servidora.

Agora, após uma árdua batalha em busca do seu ideal, Marcella conquistou o primeiro lugar no atual concurso a que se submeteu para tão honroso cargo, aqui mesmo, no nosso TRT da 21ª. Região.

Tendo exercido a função durante quase metade da minha existência, atrevo-me a fazer algumas considerações a mais nova Magistrada do Trabalho.

Marcella caríssima:

1) Lembre-se de que julgar é tarefa divina; a responsabilidade que a sociedade outorga a um dos seus, de vir julgar seus próprios semelhantes, é uma solução precária, mas essencial para a própria busca da paz e da harmonia de todos. Portanto, Deus há de julgar os juizes com muito mais rigor do que os demais viventes, pois afinal eles assumiram voluntariamente uma tarefa que é destinada a Ele.

2) Desconfie do juiz que encontra muita dificuldade em proferir uma sentença. Julgar é a coisa mais simples do mundo. Já diziam os antigos: Julgar é dar a cada um o que é seu. Simples assim. O problema se complica é quando o juiz quer favorecer a uma das partes. Se algum dia isso lhe perturbar a mente, lembre-se de que sabiamente a legislação abre-lhe a porta da honrosa suspeição. Melhor que sempre durma o tranqüilo sono dos justos.

3) Jamais abra mão de seus direitos e prerrogativas.

4) Não se envaideça jamais pelas palavras elogiosas que encontrar ao longo do caminho. Cuidado com as bajulações e repudie com firmeza os possíveis achaques. Recusando o primeiro, os outros provavelmente se intimidarão e a deixarão em paz.

5) Do mesmo modo, jamais se deixe abater se acaso surgirem críticas negativas ao seu desempenho. Elas, muitas vezes, são artimanhas do demônio para lhe intimidar. Aja de acordo com sua consciência e seja sobranceira.

6) Mantenha sempre em dia suas obrigações. Cumpra os prazos legais, pois seus jurisdicionados – mesmo os que não forem os favorecidos – só terão a lhe agradecer.

Por fim, rogando a Deus que lhe proteja e ilumine sempre, externo daqui a minha alegria pela sua conquista e meus votos de que o sucesso continue e premiar o seu esforço.







sexta-feira, 23 de novembro de 2012

João Faustino - eu perdôo

No próximo dia 29, a partir das 12 horas, no Salão de Eventos Cardeal Sales (ao lado da Igreja de Santa Teresinha, da rua Rodrigues Alves), o professor e político João Faustino lançará sua nova obra, sob o o mesmo título acima.


Além do valor literário da obra em si, o autor revisita a “via crucis” a que foi submetido no decorrer do ano passado, quando foi envolvido num escândalo que culminou com sua internação hospitalar, para cuidar do coração.

Homem de setenta anos, apesar de sua jovialidade negar, entretanto é muito duro, para quem tem o passado do antigo professor ver seu nome de repente enxovalhado na mídia e recolhido à prisão de um quartel.

O livro tem a apresentação do senador Aloysio Nunes Ferreira e é prefaciado pelo advogado, escritor e poeta Diógenes da Cunha Lima.

O professor relata ao longo de mais de duzentas páginas, as idas e vindas de sua luta para limpar seui nome, inclusive transcrevendo artigos e crônicas que foram publicados em jornais locais em seu favor.

Comento a publicação ainda a ser lançada por já tê-la em mãos e aproveito para elogiar não apenas o conteúdo ali depositado, mas a própria beleza gráfica do empreendimento, que por certo irá se incorporar ao patrimônio histórico do nosso querido Estado.

Parabéns, professor João Faustino. Seus amigos, envaidecidos, agradecem a iniciativa.









terça-feira, 20 de novembro de 2012

O suicídio(?) de Zé

Meu amigo e leitor Godofredo Lucas lembrou-me que a esposa de Zé anunciou que teme que ele cometa o suicídio, caso realmente vá parar na cadeia por conta dos desmandos do Mensalão.


Tendo em vista que o pronunciamento em tela ocorreu após o emocionante discurso do Ministro da Justiça, secundado pela mais emocionante ainda peroração do Ministro Dias Tofolly na sessão de 14 do mês passado, a coisa tem um vezo de protesto em relação às péssimas condições das nossas prisões em geral.

Que Zé vá tentar o suicídio, duvido muitíssimo. Em certos casos, suicídio é um ato de patriotismo, mas em outros, é um ato de covardia, justamente falta de coragem. Ora, não sendo Zé um patriota, mas em sendo um homem sagaz, capaz de mamar em onça, portanto corajoso, jamais cometeria tão tresloucado ato, ainda mais sabendo que dois anos de sistema prisional fechado passam rápido e a ele não faltarão as providenciais mordomias.

Portanto, que descanse em paz a nação brasileira. Zé jamais tomará tal atitude. O que ele fará, nos próximos dois anos, será afiar as armas para novos embates, novos embustes e novas tentativas de corrupção ativa e passiva. O mais que se acrescente é pura figuração ou seja, conversa para boi dormir.

A Nação que se cuide, dois anos passam rápidos.



quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Prisões - urge melhorá-las!

Embora serodiamente, o excelentíssimo ministro da Justiça acaba de descobrir a pólvora!


Num bombástico pronunciamento protestou pelos desleixos do nosso sistema prisional e chegou a declarar preferir morrer a ter que ser prisioneiro em qualquer uma delas Brasil a fora.

Considerando que o PT está no poder há uma década, é uma pena que somente agora o fato chame atenção das autoridades que estão no exercício do Executivo.

Não há brasileiro – autoridade ou homem do povo – que discorde do pronunciamento do Ministro. E para se fazer justiça, o problema não nasceu com o PT. Nosso sistema prisional já vinha se deteriorando há bastante tempo.

O que chama atenção é que somente agora, e ainda mais considerando-se o momento político que o país atravessa, a constatação a respeito do nosso sistema prisional venha ser notado.

Aliás, chegou a ser emocionante também o pronunciamento do Ministro Tofolly, do alto da sua superior magistratura, também a respeito da tese de que o nosso referido sistema não reeduca ninguém, sugerindo mesmo que nossas prisões sejam substituídas por penas educativas.

Tanta preocupação agora, e com tanta ênfase, faz pensar:

Será que é o efeito Mensalão?

E mais: a dar crédito à tese do Ministro da Justiça, vai morrer muita gente nos próximos anos.







terça-feira, 13 de novembro de 2012

Eu acho é pouco!

O protesto do ministro Levandowsky foi tão patético, diante da resposta unânime do colegiado, que ele apelou. Isto é, abandonou o plenário numa espécie de inconformismo. Mais uma vez o ministro Joaquim Barbosa mostrou a que veio. Fez a sua parte, representando sim, a ala autêntica do povo brasileiro que luta com honestidade para vencer na vida.


Tenho prestado atenção ao contraste físico que existe entre o relator e o revisor. O relator, um negro, careca de tanto estudar; o revisor, um ex-advogado (ou continua sendo?) de olhos azuis, aloirado e de feições aquilinas, tal como certos líderes romanos da época da decadência, lembrando ainda certos figurantes de filmes da Segunda Guerra..

Quanto ao ministro Tofolly, tem se limitado praticamente a seguir o voto do ministro relator, papel que ele mesmo escolheu para si.

Por fim, surgiram as condenações. Coincidentemente as menores penas, em relação aos criminosos maiores, recaem justamente para Genoino, Delúbio e Zé. Este, dentro de dois anos ganha liberdade para passar o dia fora do xilindró, conforme prevê nossa hodierna e discutível legislação penal.

Segundo os advogados dos meliantes (para usar a linguagem policialesca) serão utilizados todos os recursos cabíveis (menciona-se até um tribunal internacional (?).para tentar reverter a decisão do nosso colegiado maior.

Sou filho de pais pobres, honestos, lutadores. Meus parentes nasceram no interior, afeitos que eram à criação de gado e a plantação de lavouras de subsistência. Povo sério, que acreditava em Deus, apesar da rudeza das lides campesinas. Povo respeitador e cumridor das leis.

Por tudo isso, tendo em vista a quantificação das penalidades atribuídas aos antigos líderes do PT é que reafirmo: Eu acho é pouco!

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Era só o que faltava!

O Mensalão vai se arrastando. Também, não era para menos. Um saco com quase quarenta gatos. Processo complexo e complicado, além de outros fenômenos.


De qualquer sorte, já restou provado que o Mensalão existiu e que Roberto Jefferson, bem ou mal, prestou inestimável serviço ao país, embora não seja também flor que se cheire. Fez delação espontânea, dispensando o pedido da famigerada delação premiada.

A atuação do ministro Levandowsky, a meu ver, não engrandece a biografia dele, mas pelo menos refreia um pouco o ímpeto do ministro Relator. Uma espécie de contraponto e que de qualquer maneira enriquece o debate jurídico.

Não sei se o julgamento final satisfará a gregos e baianos. Talvez sim, talvez não.

Contudo, uma coisa acaba de me chamar a atenção. O “famigeradíssimo” Marcos Valério, em mais uma manobra (ele, verdadeira encarnação do gênio do mal), após tentar trair os antigos comparsas com um pedido de delação premiada, resolveu agora apelar para um pedido de proteção.

Ora bolas! Quem precisa de proteção é o povo brasileiro!

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Votos nulos e brancos


Segundo as estatísticas, desde 1996 não se registrava no Brasil tantos votos nulos e brancos como nesse segundo turno.

Não sou especialista na matéria, mas na qualidade de eleitor sinto-me no direito de opinar.

Em São Paulo capital, por exemplo, Serra perdeu. O próprio Fernando Henrique avaliou que o PSDB precisa se reciclar.

Por outro lado, Lula usou de todas as ferramentas a seu dispor, contanto que elegeu Haddad. Até Maluf deu sua prestimosa contribuição. Explicar, quem há-de?

Não é de se estranhar que no país do Mensalão ainda se vote no PT. Afinal, não se pode culpar o partido como um todo se suas lideranças, em algum tempo, ambicionaram se eternizar no poder.

Contudo, acho que o PT, tal como o PSDB de Fernando Henrique e segundo suas próprias palavras, também deve passar por uma séria reciclagem, sem que precise malufar. Nesse ponto estou com Erundina. É dose pra leão.

A revolução de 64 (muitos chamam de golpe) cometeu o grave erro de impedir que se formassem no país novas lideranças civis. Vinte anos depois, nossos líderes eram os mesmos de antanho. Isso foi muito ruim para o País em termos políticos. Praticamente tivemos uma geração perdida.

Pelo mesmo motivo, acho que Lula devia continuar vestindo o pijama e deixar que novas lideranças surjam. Senão estaremos repetindo um erro histórico.

Enfim, votos nulos e brancos, na minha leitura, significa falta de credibilidade política. É o povo desancantado com as lideranças atuais. Votar em quem e por que?



quinta-feira, 25 de outubro de 2012

A "pena" de Levandowsky


Na terça-feira passada o ministro Levandowsky se insurgiu mais uma vez em relação ao trabalho do ministro Relator do Mensalão, dizendo que as penas que estavam sendo aplicadas ao grande Valério estavam muito pesadas. Portanto, pena das penas...

Realmente as penas que pesam sobre o homem que criou o valerioduto, quando somadas, atingem mais de quarenta anos. Mas como nossa legislação não permite a condenação por mais de trinta anos, e tendo em vista o provável bom comportamento do futuro apenado (isto é, se ele não se escafeder antes para o exterior), sairá da cadeia bem antes, a tempo de ainda praticar novas falcatruas.

Insisto que o ministro estaria bem mais confortável exercendo a função de advogado de defesa.

De mim, quanto mais os mensaleiros forem apenados, mas me recordo do quanto que essa roubalheira prejudicou nossos sistemas de saúde, educação e segurança, além do mau exemplo para as futuras gerações.

A sorte de Valério é não ter nascido na China. Fora chinês já teria sido condenado à pena capital – fuzilamento – com a devolução do dinheiro roubado ao povo que ainda estivesse em seu poder.

E a família ainda teria que indenizar o Estado pelas balas que foram desferidas contra o meliante.

Viva o Brasil.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

O outono da vida



            Filósofos, poetas e alguns menos cotados tentam explicar a vida por etapas, chegando mesmo a querer compará-la às estações do ano. Assim, acostumam-nos a festejar, ao início da jornada, em primaveras. Mas chega a um ponto que começam a escrever sobre “o outono da vida”.
            Como não sou filósofo, mas sendo um aprendiz de poeta que gosta de filosofar por conta própria prefiro raciocinar que o outono da vida começa quando cada pessoa quer assumir essa estação.
            Conheço muitos jovens que já nascem velho, sem ideia, sem esperança, sem fé, sem espírito de luta. Já começam no fim. Estes, sim, vivem a vida inteira o outono da vida.
            Outros – podem até os menos avisados classificar-lhes de velhos – nascem e morrem jovens, não importa a idade cronológica que ostentem nem os percalços que a vida lhe ofereça. São pessoas que carregam em si sempre uma nova idéia, um novo recomeço, que jamais perdem a esperança e que se alimentam de fé. São os lutadores. Por mais que caiam, levantam-se e recomeçam como se nada conseguisse atrapalhar-lhe os passos. Quando morrem, só morrem materialmente, pois continuam vivos na memória dos que os conheceram. Caem de pé, como as grandes árvores, mas antes de cair jogam suas sementes para que a terra germine novas e frondosas árvores.
            Por isso mesmo não aceito que se proclame para os mais velhos, o rótulo de “outono da vida”. Depende de cada um que se assuma velho. Prefiro acreditar que a vida é uma eterna primavera, não importa a idade nem o tempo de vida. O tempo, como diria o poeta, “é eterno enquanto dura”.
            Viva, pois, a primavera da vida!
           

domingo, 14 de outubro de 2012

Educaç;ao: piada de mau gosto

Há uma piada antiga, segundo a qual dois grandes fazendeiros de Minas, ao avistarem o mar pela primeira vez desenvolveram o seguinte diálogo.


- Pois é, compadre, que marzão besta! Já pensou se nossas vacas produzissem uma quantidade dessas de leite?

- É verdade compadre. Mas... onde encontraríamos tanta água para misturar no leite produzido?

A piada é ingênua, mas lembra o programa atual do governo federal relativo à criação de um enxame de escolas técnicas para espalhar por todo o país.

O problema é: - e estamos com um quadro de professores preparados para assumir tantas vagas?

Daí, acho demagogia a criação de prédios escolares sem que tenhamos preparados os professores e muito menos tenhamos dado, há anos, condições para que o professorado atual esteja à altura das reais necessidades pedagógicas.

O mínimo que o governo deveria fazer era ter a humildade de estudar junto aos países que lograram êxito no desenvolvimento da educação para ver que “mágica” fizeram para transformar países como China e Coréia em países de educação em franca ascensão. Reativar, talvez, a verdadeira motivação que o Senador defenestrado do Ministério da Educação, Cristóvão Buarque, imaginou quando criou o programa bolsa-escola, depois deturpado pelo governo Lula visando fins eleitoreiros.



quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Camilo Barreto

Nem me recordo direito qual foi o ano. Faz algum tempo. Acho que uns quatro lustros. Estava eu vindo de Mossoró para Natal. Quando chegamos próximos a Caiçara do Rio dos Ventos nosso carro foi interceptado pela polícia rodoviária. Chovia a cântaros.


- Boa tarde senhores.

- Boa tarde – respondemos todos.

- Os senhores estão indo para Natal?

- Sim senhor – respondeu o motorista.

- Pois infelizmente os senhores terão que retornar até Jucurutu e pegar a estrada que vai para Caicó.

- Mas senhor – interferi – será um desvio de mais de cem quilômetros!

- Nada posso fazer, meu senhor. A estrada aqui ficará interditada até que seja restaurada.

- Ora, mas e o senhor não está aqui conversando conosco? Como é que chegou até aqui?

- Por uma pequena passagem no asfalto que ainda não rompeu, amigo. E confesso que estou morrendo de medo. Mas eu tinha que enfrentar a travessia, por dever do meu ofício, para impedir que outros motoristas se arriscassem, pois o asfalto já foi comido em mais da metade pela enchente.

Inconformado, mas entendendo a situação, agradeci a atuação da autoridade. Algum tempo depois vim a saber que se tratava do doutor Camilo Barreto, superintendente local da Polícia Rodoviária Federal.

Passados mais alguns anos, fui apresentado por Anna Cascudo ao seu esposo.

- Muito prazer, Camilo Barreto.

Aproveitei a ocasião para relembrar-lhe o ocorrido há tempos.

Ele sorriu e me pediu desculpas pelo transtorno que havia causado a minha viagem.

A roda da vida girou, aproximei-me de Camilo e tivemos várias ocasiões sociais, cada uma mais agradável do que a outra.

Agora Camilo fez a grande viagem. Ficou me devendo uma taça de vinho que havíamos marcado para sorver qualquer dia desses.

Procuro avaliar a dor de Anna, dos filhos de Camilo e de sua querida enteada. Faz parte da vida de todos nós. O grande lenitivo é a saudade, que é a “vontade de viver de novo”.

De mim, que estava em Recife, só pude me despedir de Camilo em pensamento. Quanto ao vinho, agora só quando nos encontrarmos no andar superior.

Adeus Camilo. Os que lhe conheceram e que conviveram com você têm orgulho de haver participado da sua refinada companhia.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Marmelada à vista

Marmelada à vista




Autor: Sílvio Caldas (jsc-2@uol.com.br)



Deu na grande imprensa hoje, dia 9, que a CPI do Cachoeira encerrará seus trabalhos sem investigar os políticos. O acordo teria sido firmado entre o PMDB e o PT.

O objetivo da mais nova safadeza beneficiará, à primeira vista, o governador Perillo, mas o objetivo mesmo é livrar a cara dos políticos dos partidos acordantes.

Especula-se que a ideia surgiu a partir do depoimento do famoso doutor Pagot, que declarou que houve convite para que as empreiteiras “colaborassem” com a campanha da presidenta Dilma.

De mim, juro que me recuso a acreditar que Dilma tenha pessoalmente participado da irregularidade. Pela postura dela, até hoje, nada indica que ela, sim, soubesse de alguma coisa. Afinal, ela foi uma candidata que surgiu do nada, para cobrir uma emergência, que foi a defenestração de Zé do Mensalão. Dilma,, creio eu, não sabia de nada. É bem diferente da situação do seu criador.

A meu ver o acordo em vista não tem direcionamento em relação ao comportamento de Dilma, mas dos próprios partidos citados, cujo projeto de poder origina-se no próprio PT e que foi apoiado, posteriormente, por certos setores do PMDB.

Continuo, portanto apostando que Dilma, nesse sentido, é uma pessoa séria e que por obra do destino assumiu a presidência da República. Ela sim, uma técnica que nunca exerceu a política por profissão criminosa.

De qualquer sorte, os diabéticos que se cuidem. Marmelada à vista.

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Ainda sobre o Mensalão


O julgamento ainda não terminou e pelo andar da carruagem, na prática Zé pegará no máximo prisão em regime semi-aberto ou coisa menor. Esse é o sistema e temos que nos submeter.

Entretanto o julgamento passará para a História do país, não tanto pelo resultado, mas por certos pronunciamentos e certos comportamentos de alguns ministros. Hoje em dia, graças aos recursos tecnológicos, podemos apreciar através da televisão não só os pronunciamentos, mas as expressões faciais e o cinismo ou a sinceridade de todos os presentes.

Quem quiser, por exemplo, pode tornar a assistir o grande ministro Celso de Melo dizer:

“A ordem jurídica, senhor Presidente, não pode permanecer indiferente a condutas de membros do Congresso Nacional ou de quaisquer outras autoridades da República – que hajam eventualmente incidido em censuráveis desvios éticos e reprováveis transgressões criminosas, no desempenho da elevada função de representação política do Povo Brasileiro.

Sabemos todos que o cidadão tem o direito de exigir que o Estado seja dirigido por administradores íntegros, por legisladores probos e por juizes incorruptíveis.

O direito ao governo honesto – nunca é demasiado reconhecê-lo – traduz uma prerrogativa insuprimível da cidadania.

A imputação, a qualquer membro do Congresso Nacional, de quantos que importem em transgressão ao decoro parlamentwr revela-se de fato que assume, perante o corpo de cidadãos, a maior gravidade, a exigir, por isso mesmo, por efeito de imposição ética emanada de um dos dogmas essenciais da República, a repulsa por parte do Estado, tanto mais se se considerar que o Parlamento recebeu, dos cidadãos, não só o poder de representação política e a competência pra legislar, mas também, o mandato para fiscalizar os órgãos e agentes dos demais Poderes.”

O voto do Ministro foi longo – merecidamente longo. Não dá para reproduzir tudo aqui. Pronunciamento digno de um Rui Barbosa, no mínimo.

Nada obstante, outro ministro acabou por defender na sessão seguinte a tese que Zé não sabia de nada e de nada participou em relação ao Mênsalão.

É ver para crer.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

O selinho e a virgindade


Hebe inventou o selinho. Aliás, Hebe era dessas raras pessoas que vieram ao mundo para dar certo. Tudo o que se propôs a fazer, deu certo.

Até rolar no chão, em pleno palco, diante de milhões de telespectadores, o fez por mais de uma vez. Duvido que outra mulher da importância dela tenha tido a coragem, até hoje, de fazer o que ela fez diante das telas. O segredo: autenticidade, honestidade profissional e, por mais paradoxal que pareça, respeito ao seu público. Sim, porque ela dava ao público o supra-sumo da sua verdade como pessoa humana. Nela não havia falsidade nem fingimento. Sem pretender ser a dona da verdade, entretanto era a própria encarnação da verdade. Comediante, humorista, cantora, apresentadora. Um ícone no melhor sentido da palavra. Incluo aqui seus corajosos pronunciamentos políticos.

Não sei que nossa geração conheceu profissional mais autêntico do que Hebe. É verdade que não tinha lá essas culturas todas, entretanto me refiro à cultura formal, porque sua experiência de vida e inteligência superava qualquer curso de doutorado. Ela que foi a mais perfeita estudante da chamada universidade da vida.

Só senti uma coisa, com a mais ou menos esperada partida de Hebe. Gostaria de ter sabido da opinião dela a respeito dessa jovem brasileira que está pondo à venda o próprio selinho.

De mim, desconfio que nessa história tem pita.



quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Delação premiada, um mal necessário

O Ministro Fux acaba de conceder, em seu voto, os favores da delação premiada em favor do réu Roberto Jefferson, o nosso Macumanina do milênio.


Com efeito, o serviço que o ex-deputado prestou ao país foi inestimável. Só que para alguns, a ficha, como se diz, ainda não caiu. Mas aos poucos acredito que chegaremos lá.

De certo modo não deixa de ser constrangedor que a sociedade sirva-se, para atingir os seus saudáveis fins, de um político de comportamento historicamente espúrio, como é o caso do ex-deputado escudeiro de Fernando Collor. Mas foi graças a mecanismo semelhante que a Itália conseguiu vencer batalhas antes consideradas invencíveis, contra a máfia.

No geral os favores concedidos ao delator, quando premiado, inclui até a própria família. São favores que terminam constrangendo também os próprios beneficiados. Enfim, o constrangimento é geral, para quem denuncia e para quem dele se serve. Tudo em prol de se combater um mal maior.

Aos poucos a população em geral vai recobrando sua crença no nosso Poder Judiciário, pois inegável está sendo a atuação dos nossos Ministros em geral, apesar das naturais divergências e pontos de vistas por vezes conflitantes. É justamente para isso que serve o colegiado.

Agora, uma coisa a meu ver, foi providencial e será inesquecível para as futuras gerações: a competência, tenacidade e firmeza do Ministro Relator e a serenidade do presidente Ayres Brito.

Portanto, até agora o Brasil está cantando vitória. É esperar para ver o final.



quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Natal - cidade abandonada






Estamos em começos de setembro. O novo prefeito só tomará posse no início do próximo ano. Daqui para lá, Natal é uma cidade em colapso. A prefeita praticamente de há muito deixou de administrar e a equipe por ela formada está administrando na base de terra arrasada.

Natal está lembrando aqueles filmes que mostravam os nazistas queimando os arquivos quando os aliados estavam prestes a invadir a alemanha. Um salve-se quem puder.

O colapso é generalizado: educação, saúde, segurança; sem falar na buraqueira, que é um assombro.

Em relação aos transportes da cidade, acabo de assistir do empresário Augusto Maranhão uma verdadeira aula sobre os motivos dos aumentos das tarifas de ônibus para a população em geral.

A situação é grave e os argumentos por ele usados em rede de tv local me convenceram perfeitamente. No mínimo poderíamos copiar as soluções de cidades vizinhas e de maior porte, como lembrou, por exemplo, Recife e Fortaleza. Assim, já que não temos a capacidade de criar, que tenhamos pelo menos a humildade de copiar.

Há mais de vinte anos adotei Natal como meu porto final. Amo-a de paixão. Naqueles idos, fazia gosto e orgulho nossos jardins, a limpeza pública, as grandes metas administrativas.

Agora, Natal é o caos.

O futuro prefeito, seja lá quem for, terá que dedicar pelo menos os próximos dois anos de sua gestão a tentar salvar o enfermo, pois a doença é muito grave.

Tatu bola - por que não?


No país do Mensalão, nada mais apropriado que adotar-se o tatu-bola como símbolo do próximo campeonato mundial de futebol. Afinal, o futebol é jogado com bola.

O nosso tatu quando se vê ameaçado realmente se transforma numa bola, fechando-se sobre si mesmo. Portanto, ele não oferece bola a ninguém, porque em si já é uma bola. Já fizeram até o desenho colorido desse símbolo da copa. As cores nacionais.

Agora surgiu o problema: qual o nome que se deve dar ao tatu-bola?

Na África do Sul o nome foi estranho, mas sugestivo: jabulani.

Aqui no Brasil ouvi dizer que vão criar uma comissão de alto nível para lucubrar um nome apropriado para o tatu da copa. Comissão de notáveis, bem se vê.

Fora eu partícipe de tão notável comissão, já levaria no bolso do colete o nome de batismo do nosso tatuzinho.

- Seu nome?

- Zé!

terça-feira, 28 de agosto de 2012

O trem da minha vida


Era o trem da minha vida;

Corria devagarinho,

Era lindo o meu carrinho

Desse trem da minha vida.



Depois porém, eu cresci

E o meu trem pequenino

Ficou pra outro menino

Que nem sequer conheci.



Mas a vida é mesmo assim,

Pois depois que a gente cresce

Nosso trem desaparece

Nas montanhas do sem fim.

Os doze camarões

Os doze camarões




Autor: Sílvio Calds (jsc-2@uol.com.br)



Quarta-feira passada, dia 23 de agosto, o mesmo STF que tenta, agora, apressar o julgamento do famigerado Mensalão ficou boa parte da tarde discutindo um “habeas-corpus” que fora impetrado em favor de um pescador que foi flagrado quando pescava na sua rede 12 camarões, numa praia de Santa Catarina.

Pelo voto do eminente ministro Levandowsky o remédio heróico seria denegado, já que o pescador pescara usando rede inapropriada, com malhas mais finas que as previstas no código ambiental.

Perplexo o ministro Peluso ao proferir seu voto sintetizou:

- Ah, com doze camarões, não – disse ele, em seguida favorável à concessão do “hábeas”.

Conclusão: furtar milhões para fazer mensalão POOOOOODE. Pescar doze camarões NÃO POOOOODE.

Já pensou se Levandowsky usasse desse mesmo rigor em relação a “los mensaleros”?

E o pior, num país em que o Mensalão se arrasta, em doze camarões o tempo se gasta. Pode até rimar, mas que é uma vergonha e uma trágica ironia, isso é.

domingo, 26 de agosto de 2012

Meninos, eu vi!

Final da década de sessenta. Precisamente, 20 de julho de 1969.


Embora eu já fosse casado, mas não possuindo ainda televisão, fui para casa do meu pai para, juntos, assistirmos o grande feito norte-americano.

“Um pequeno passo de um homem, mas um passo gigantesco para a humanidade”. Assim se expressou Neil Armstrong, o primeiro homem a pisar nas “terras” da Lua.

Hoje, relembrando o feito e lamentando o retorno de Armstrong ao espaço, agora em espírito, tive saudade daquela noite-madrugada e de repente apreendo o significado para a raça humana daquele momento histórico. É bem verdade que no fundo o que ocorria era a disputa entre o comunismo soviético e o capitalismo norte-americano em busca da supremacia mundial. Contudo, aquele foi um momento maior para a humanidade como um todo..

Na sua modéstia, Armstrong sempre teve o zelo e o cuidado de minimizar o próprio feito, dividindo-o com o resto da tripulação e da proporia Nasa, como convém a um grande homem.

Apreciamos a aventura saboreando uma cervejinha gelada, alguns vizinhos nos acompanhando. Os na época chamados “penetras” que ainda não possuíam a novidade tecnológica.

Pois é, meninos de hoje, eu vi com esses próprios olhos que a terra há de comer.



quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Ainda há Juizes em Brasília


A frase é um plágio. Conta que no século XVIII o Rei Frederico o Grande, da Prússia, desejou construir um palácio justamente em terras de um moleiro.

Instado a ceder a propriedade, o moleiro recusou-se em atender ao pedido real, informando que ali, naquelas terras, nasceram seus pais e avós, o que lhe trazia grandes e afetivas recordações. Portanto, as terras não estavam à venda.

Frederico II, pasmo com a ousadia do pobre moleiro lembrou-lhe pessoalmente que na qualidade de Rei bem poderia desapropriar a propriedade, embora pagando um justo preço.

Ao que o moleiro respondeu: “Como se não houvessem juizes em Berlim!”

A resposta atrevida, mas desconcertante foi bastante para que o rei respeitasse a vontade do pobre moleiro.

Não sei em que terminará o julgamento do famigerado Mensalão. Pode até terminar em pizza, pouco importa.

Uma coisa porém é certa. Pela primeira parte do relatório desenvolvido ontem pelo Ministro Levandowsky, Revisor do volumoso processo, tudo nos leva a acreditar, parafraseando o moleiro de “Sans souci” que ainda há juizes em Brasília.

Para possíveis surpresas aos Tomaz Bastos da vida.



quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Horácio Paiva e Gilberto Avelino


Dois grandes poetas. Não idênticos (até pela diferença de idades), mas perfeitamente identificados. Diria mesmo que Horácio era uma espécie de filho espiritual de Gilberto, dele herdando o amor a Macau e a veia poética. Diferentes em muitas coisas nos direcionamentos, mas assemelhados no fundamental.

Conheci a ambos quando presidi a então Junta de Conciliação e Julgamento de Macau. Ambos, advogados e poetas. Amantes dos entreveros jurídicos e daquela ilha misteriosa. Em Gilberto aflorava o sol e o sal. Horacio foi mais além. Foi, não, está indo mais além, aventurando-se em diversos temas e deleitando-nos com fantasias, ficções, realidades e filosofias de que o mundo moderno nos está distanciando.

Em seu mais recente livro – A TORRE AZUL – a ser lançado no próximo dia 30 na Academia Norte Rio Grandense de Letras, nos brinda com as mais variegadas sutilezas de sua alma e do seu estilo. Fala do amor/conquista, fala da natureza, fala de Deus. Enfim, poeta do sol e da lua, da terra e do sol, de Deus e do mundo.

Como Horácio era bem mais jovem do que o mestre (como eu chamava Gilberto), ouso pensar que Horácio passou a ser um Gilberto (et por cause) mais atualizado. Argonauta de mares mais distantes. O que não deslustra a memória do grande poeta que se foi. Mas que engrandece com toda razão o poeta que ficou.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

A cantiga da perua

Segundo pesquisa do IDEB a educação piorou em nove Estados brasileiros.


Em compensação o crime (organizado ou mesmo desorganizado) avança a passos largos, sem dar chance ao cidadão de bem ter sossego, nem nas ruas nem no recôndito do seu lar.

Sociologicamente falando, é de uma lógica cristalina. Quanto menos se investe na educação, mais o Estado tem que investir na segurança pública, construindo presídios e tentando equiparar o poder de fogo da polícia ao dos bandidos.

De há muito estamos vivendo um verdadeiro estado de guerra civil. Nosso índice de mortandade principalmente de jovens é de chamar atenção. Como é de chamar atenção a quantidade de policiais que estão perdendo a própria vída no cumprimento do seu dever de zelar pela segurança dos cidadãos.

Os governos, grosso modo, não estão levando a sério o caos que se agiganta. Aqui mesmo no nosso Estado, seria cômica, se não fosse trágica, a situação do presídio de Alcaçuz, dado o número de túneis e de fugas que ali se processam todos os meses.

Penso até que Alcaçuz deve estar construída numa duna, tanta é a facilidade que se escavam túneis ali.

Enquanto nossos governantes não se conscientizarem de que investir em educação é a solução mais inteligente e produtiva de qualquer país estaremos como na cantiga da perua, de pior a pior.

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

O Mensalão - de quem é a cuilpa?

O Mensalão – de quem é a culpa?



Autor: Sílvio Caldas (jsc-2@uol.com.br)



As vezes, chega a ser trágico. Às vezes é cômico. Mas o fato é que os advogados que defendem a “inexistência do mensalão” têm produzido no geral defesas que honram o brilho das palavras e a riqueza da lógica.

Por incrível que pareça, a defesa mais fraca até agora, a meu ver, foi produzida pelo ex ministro Tomáz Bastos. Aliás, ex Ministro da Justiça até pouco tempo e que considera muito natural advogar os mensaleiros e os “cachoeiros’. Acho que ele vai galgar, sem dúvida, um lugar na História. Só não sei qual, ainda.

Por falar em História, essa história do Mensalão só poderá ser escrita daqui há muitos anos, pois não é para o bico da nossa geração.

Até João Paulo Cunha tem posado de santo. Zé, nem se fala. Dizem que não há prova contra eles.

Ora, se não há prova contra Zé, então não se pode falar em Mensalão.

O único réu confesso até agora é o famoso Delúbio, que por sinal, ao que tudo indica, vai sair por cima da carne seca. A defesa dele foi muito inteligente.

Uma coisa é certa: ninguém espere que os Ministros do STF, que reputo sérios no geral vão tender a um julgamento político. Isso é papel do Legislativo.

Mas pensando bem, só quero mesmo é que no final das contas não digam que o culpado do Mensalão sou eu.

Juro que não tive nada a ver com isso...

sábado, 4 de agosto de 2012

A suttileza do Ministro Toffoly

Não creio que alguém duvide da competência jurídica do Ministro Toffoly. Certamente que ele não galgou o STF apenas por haver pertencido e defendido o Partido do Trabalhadores. Apesar de ter sido reprovado em dois concursos para a magistratura, isso não é sinônimo de incompetência. Prefiro dizer que “deu azar”.


Meu problema é o seguinte. O Ministro sabe mais que ninguém que era seu dever de consciência averbar suspeição em processo que julgará não só o PT, mas principalmente o ex-ministro Zé.

Ocorre que nos bastidores jurídicos havia algo muito mais importante a ser atingido, que era justamente o que o Ministro Levando-wisky tentou com unhas e dentes, ou seja, a procrastinação do processo, de modo a atingir o afastamento, psla compulsória, o atual presidente do Supremo. Por coincidência, somente ele e o próprio Toffoly votaram a favor do desmembramento do processo.

Quanto ao senhor Procurador, por que não argüiu a suspeição do Ministro Toffoly? Justamente porque a discussão em torno da suspeição do Ministro ensejaria mais um dia (ou mais) de intermináveis discussões.

Portanto, foi uma atitude inteligente a do Ministro Toffoly, que não atendeu nem aos conselhos da sua companheira. No fundo, o objetivo era bem mais sutil – ensejar a interminável discussão em torno da sua continuidade no processo e portanto, o atraso processual tão desejado, visando a compulsória do Ministro Ayres Britto.

Mas o Procurador, que é ingênuo somente nas aparências, entendeu a manobra e nada providenciou em relação à suspeição.

Portanto, duelo de Titans.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Em defesa da Justiça

Alguns episódios, alguns mais antigos, outros mais recentes, uns comprovadamente flagrantes, outros ainda sob suspeita, têm dado aso a que alguns setores da nossa sociedade tentem nos fazer desacreditar do Poder Judiciário. Pior para nós.


Considero o Poder Judiciário não apenas o fiel da balança entre os outros dois Poderes, mas sobretudo o último baluarte de um país que se quer democrático e, portanto, republicano.

Não se pode esperar de qualquer sociedade humana que ela seja constituída de homens santos. Onde há o homem existe sempre a possibilidade da fraqueza do pecado. Justamente por isso existem os contra-pesos judiciais, ou seja, as corregedorias, as ouvidorias e mais modernamente no Brasil o Conselho Nacional de Justiça.

No dia que a Justiça nos faltar como instituição, será o caos, o salve-se quem puder, o olho por olho, enfim, o exercício da justiça pelas próprias mãos.

O crime no Brasil tem se sofisticado cada vez mais. Os criminosos possuem armas mais potentes que a maioria das nossas polícias. A policial que foi assassinada no Rio de Janeiro, recentemente, por exemplo, usava um inútil colete à prova (?) de balas.

O crime organizado atingiu um nível de causar inveja aos demais países onde operam. Nossos juizes têm sofrido atentados por encomenda. Outros têm se tornado verdadeiros prisioneiros no exerecício da profissão, cercados por seguranças e a própria família a correr perigo de seqüestro.

Não bastasse isso, os juizes estão sendo achacados ou chantageados em seus próprios locais de trabalho, como ocorreu, por exemplo, agora mesmo, pela futura esposa do famoso Cachoeira. Mulher nova, bonita e criminosa, parafraseando a música que lembrava Lampião.

Enfim, quando mais desprestigiarmos o Poder Judiciário mais estaremos concorrendo para a derrocada da nossa jovem democracia. Cabe a cada um de nós escolher o destino da nossa Nação.

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Micarla - antes, durante e depois


       Antes, Micarla foi a grande expectativa do povo natalense. Promessa de renovação e de inovação, apoio do senador Agripino e do anti-discurso de Lula em Ceará-Mirim. Resultado, logo no primeiro turno assumiu o futuro da nossa cidade pelos quatro anos vindouros.
         Porém, antes mesmo de concluir seu segundo ano de governo Micarla já era uma tragédia anunciada. Natal já mostrava sanais de debilidade administrativa. Era o durante.
         Depois, prestes a terminar o mandato, Micarla praticamente entregou os pontos. O secretariado por ela escolhido e reescolhido demonstrou incompetência e inexperiência em praticamente todos os setores, apesar da bombástica propaganda de seus feitos. As estradas de Natal se tornaram uma verdadeira tábua de pirulito, de tantos buracos. Ponta Negra, nem se fala. Uma calamidade.
         A própria Micarla praticamente pediu para sair, alegando motivo de doença.
         Esperamos todos que nunca jamais em tempo algum ela seja tentada a reingressar no mundo da política executiva. Afinal, fomos nós os executados.

quinta-feira, 26 de julho de 2012

O vencimento dos Juizes do TRT do RN



            O Tribunal Regional do Trabalho do nosso Estado, pensando que estava a cumprir a determinação da transparência, obrou um grande desserviço à imagem da magistratura trabalhista local, divulgando lista de vencimentos e atrasados de um mês completamente atípico (junho), quando inúmeros juizes, inclusive eu, apesar de aposentado, recebemos aparentemente numerários bem aquém do teto legal.
         Em verdade, se se observar com cautela os contra cheques, verificar-se-á que se trata de uma verba atrasada, de anos a fio. Tudo de acordo com a lei, no mais estrito sentido da palavra.
         A confusão criada perante a mídia local deve-se à própria incompetência da divulgação da lista em mês atípico e sem a devida ressalva, e como a primeira notícia é a que mais impressiona, eis o vexame instalado.
         Minha matrícula é a de número 008, portanto, sou um dos fundadores do nosso TRT e até outubro de 2010, quando me aposentei, posso declarar, sem medo de errar que o nosso Tribunal nunca conviveu com escândalos relativos a malversação do erário público.
         Tanto os ex-presidentes como as equipes de trabalho com quem convivi mais de perto são dignos do maior respeito e consideração e em relação à atual administração nada posso dizer, mesmo porque ainda está em andamento. Mas a própria informação (ou desinformação) foi fruto, no mínimo de uma ingenuidade administrativa e que em nada deslustra a seriedade dos meus antigos colegas de trabalho.
         É preciso que a sociedade norte riograndense faça Justiça ao nosso  Tribunal, que bem serve de exemplo  de probidade administrativa até hoje para o resto do País.

Qual deles é o pior?


         Como já era mais ou menos esperado, a água secou e a única coisa que Cachoeira declarou perante o Juiz foi o amor que dedica a sua querida  namorada (?) e futura esposa.  No mais, nada a declarar. E ainda deu uma de jurista, alegando que o processo que o transformou num “leproso jurídico” era inepto.
         Portanto, a sociedade brasileira está a assistir ao martírio de um novo santo, o São Cachoeira.
         Sei não, mas acho que isso é um ligeiro indicativo de como terminará a CPMI – água de cachoeira.
         Mas Cachoeira está colhendo fruto dos milhões que pagou a um dos melhores advogados do Brasil, pois ética à parte, o homem é um danado mesmo. Capaz de dar nó em pingo d’água, e ainda mais sendo um dos homens mais bem informados na área criminalista do País, já que era ministro da Justiça do governo Lula e por via de conseqüência superior hierárquico da polícia federal, naturalmente  que por dever do próprio ofício já possuía informações privilegiadas sobre aquele que viria a ser seu futuro cliente. Acho que isto é óbvio como o nascimento do sol amanhã.
         Enfim, Cachoeira está realmente bem orientado e sabe o que está não dizendo.
         Felizarda é a atual mulher e futura esposa dele, que recebeu diante da platéia nacional a bombástica declaração de amor.
         Tenho pelos advogados em geral o maior respeito, pois como eles, fui também um dia operário do processo judicial. Só não admiro os advogados bandidos. Aliás, não aprecio nenhuma espécie de bandido.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

A chegada do 'gato magro"! no céu


         Eram três concunhados. Pela ordem de antriguidade, meu saudoso pai, João Maracolino e Severino Queiroz, apelidado entre os íntimos mais antigos de “gato magro”.
         O apelido adveio de uma anedota que Queiroz de vez em quando repetia a nosso pedido, pois ele era impagável ao conta-la.
         Eles não eram idênticos, mas perfeitamente identificados; muito diferentes em certas coisas, mas bem assemelhados no fundamental. Homens de origem humilde e que graças ao seu esforço e inteligência criram as respectivas famílias com mujito amor, dedicação e zelo.
         Cada um na sua esrfera foi trabalhador exemplar. Meu pai como professor e militar; Severino Queiroz como exemplo de publicitário de sucesso e João Marcolino como um trabalhador braçal e humilde, o faz tudo do resto da família.
         Tais reflexões me vieram à memória assim que soube hoje do encantamento do último deles, justamente o “gato magro”. Embora tenha sido o mais longevo deles, todos torciam pela sua recuperação. Mas quando a hora é chegada, vamos todos afinal.
         Lembrei-me das inúmeras festinhas que organizavam, quer no Natal, quer no Carnaval ou mesmo em viagens, como por exemplo, a que fizemos de trem para São Severino do Ramos, no município de Carpina, se não me falha a memória.
         Que dia inesquecível! Tia Vivi (esposa de Marcolino) e minha mãe eram as mais chegadas às prendas domésticas, já que a tia Janete, então relativamente recém casada, dedicava suas melhores horas do dia ao trabalho nos Correios e Telégrafos.
         Chegamos a São Severino por volta das 10 horas e João Marcolino foi logo conseguindo com um desconhecido uma enxada que levou para a beira de um lindo riacho e ali limpou a relva para que erguêssemos nosso acampamento.
         Galinha torrada com farofa era a grande atração do dia. Para os homens, cerveja e vinho quinado; para as crianças, suco de frutas; e para as mulheres um pouco de meladinha (cachaça com mel de abelha e limão).
         Primeiramente fomos visitar a Igreja. Salvo engano, minha mãe aproveitou para pagar uma promessa relativa a uma promoção que mau pai recebera. Após a missa finalmente voltamos ao acampamento e tomamos banho no riacho a valer, até a hora da volta do trem que passaria às 16 horas de volta ao Recife.
         Acho que hoje vai haver uma bagunça no céu, quando os três concunhados se encontrarem.


        

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Ronaldo Cunha Lima

)




Os senadores da República passaram a tarde de ontem tecendo loas a Ronaldo Cunha Lima, falecido sábado passado. Os destaques foram justos e merecidos, posto que foi uma grande personalidade e que muito honrou nosso empobrecido mundo político. Destacou-se também, além da sua política e brilhante trajetória, sua verdadeira vocação literária, notadamente no mundo da poesia.

Portanto, de pouco adiantaria tecer mais loas ao grande Ronaldo. Prefiro relembrar as poucas vezes em que tive a honra de estar pertinho dele, já em cadeira de rodas, fisicamente vencido. Só uma coisa nele não estava vencida: a viva expressão do seu olhar e sua perspicácia. Um craque.

Eu era um fã incondicional de Ronaldo desde os idos da década de sessenta, quando ele participou do programa O Céu é o Limite, produzido pelo artista J. Silvestre, salvo engano, na antiga televisão Record.

Por artes do destino, um dia fui a ele apresentado, já agora, na década atual, na casa do seu primo-irmão, nosso Diógenes da Cunha Lima nas circunstâncias que já declinei acima.

A meu ver o traço mais marcante de Ronaldo foi o fato de ele representar a síntese do homem Nordestino. Por vezes, rude, por vezes inteligente, esforçado, espirituoso, contemplativo e macho.

Adeus Ronaldo, continuarei sendo seu fã pela vida afora.

domingo, 1 de julho de 2012

/ permanente crise da saúde do RN









a
Numa atitude até onde eu sei inusitada a seccional do Conselho Regional de Medicina do nosso do nosso Estado acaba de dar início a um processo judicial contra o governo, tendo em vista o descalabro cada vez pior do Hospital Valfredo Gurgel.


Não sei se o processo vai atingir seu objetivo. Talvez não, pois em batalha jurídica nunca se pode prever quem será o ganhador. E com as miríades de recursos que nossa legislação prevê, não se sabe se a atual geração conhecerá o resultado final.

Enquanto isso, o povo mais necessitado vai morrendo à míngua. Relato insuspeito, posto que produzido pelos próprios médicos daquele nosocômio. E como não bastasse seus depoimentos, as imagens que foram gravadas e transmitidas pelas televisões locais são de cortar o coração, eis que doentes que mereciam estar ocupando espaços de unidades de terapia intensiva estão literalmente jogados pelo chão dos corredores da instituição. Se em vez de gente se tratasse de animais irracionais, talvez a grita da sociedade protetora dos animais obtivesse melhor resultado.

O que causa em mim maior espanto é o fato de nossa atual governadora ser uma médica.

Será que alguma vez em seu governo ela já teve a curiosidade de visitar as dependências do nosso maior hospital público?



terça-feira, 19 de junho de 2012

Covardia ou realismo?

O juiz Paulo Augusto Moreira Lima, responsável pelas escaramuças da Operação Monte Carlo, que envolve o tal do Cachoeira e seus asseclas pediu remoção para outra Vara.


Chega agora ao noticiário que o juiz foi ameaçado e, temendo por ele e sua família, “tirou o time”.

A corregedora Calmon vai conversa com a Associação dos Juizes Federais e com o próprio. Ela, que é mulher de coragem, não admite covardia em nossa profissão.

O problema é aparentemente simples. Mas não é.

À primeira vista, se o ato do juiz é de pura covardia ele deveria ser afastado do cargo compulsoriamente, pois se ele não tem condições de julgar qualquer processo, não pode se dar ao luxo de escolher os processos que irá julgar por pura conveniência.

Agora, conhecendo os meandros da bandidagem que está assolando nosso país, o juiz pode ter se amedrontado temendo inclusive pela segurança de sua esposa e filhos. Talvez ele saiba mais do que ninguém que nosso sistema de segurança não está oferecendo segurança para ninguém nesse país. Compreensível, nessas circunstãncias, sua covardia.

Afinal de contas, num país em que Lula dá tapinha nas costas de Paulo Maluf em troca de um minuto e meio de horário eleitoral, ninguém está seguro.

De qualquer sorte, compreendo a justa apreensão do magistrado. Mas mudar de vara é apenas troca de problema. Já que ele não pretende enfrentar o problema de frente, melhor pedir para sair pela porta da frente.

Uma coisa serve de lição: a que ponto está chegando nossa pobre Nação.

E por falar em coragem e vergonha na cara, ainda bem que a paraibana Erudina não malufou.

Farinhas do mesmo saco

Antigamente o vulgo dizia que quando duas pessoas tinham boas ou más qualidades em comum eram farinhas do mesmo saco.


Lembrei-me dessa lera ao assistir na televisão o ex (e futuro?) presidente malufando, isto é, apertando a mão e dando tapinha nas cosstas do célebre Paulo Maluf. Tudo em função de mais um minuto e meio no futuro programa eleitoral que pretende eleger o ex-ministro da dês(educação).

Não sei quem e pior, se Lula ou Maluf. Quanto a Hadad, não passa de mero boneco de mamulengo manipulado pelo seu criador.

Quanto a Erundina, porém, espero que ela continue com sua integridade moral intacta. A Paraíba (muié macho sim sinhô) agradece. E o Brasil também.

domingo, 17 de junho de 2012

Esse tal de Tomaz Bastos...

Isso mesmo. Esse tal de Tomaz Bastos é um danado. Ex-ministro da Justiça da era Lula e portanto chefe da Polícia Federal quando do início das investigações em torno da famosa cachoeira de corrupção que assola o país, agora, na condição de advogado do doutor Cachoeira procura anular as investigações iniciadas ao tempo dele.


E acho que vai conseguir. Ele é muito competente, sagaz, sabido, além de gostar muito do metal precioso. Mas tudo dentro da lei. Tudo legal. Tudo bacana. Um gênio.

Sei não, mas acho que a CPI da cachoeira vai dar em água, como se espera de toda cachoeira.

quarta-feira, 6 de junho de 2012

O bom ladrão

O bom ladrão




Autor: Sílvio Caldas (jsc-2@uol.com.br)



No final da semana passada um ladrão furtou quinhentos reais que um operário mantinha em sua residência.

Arrependido, e se dizendo cristão, também furtivamente devolveu parte do furto – duzentos e cinqüenta reais – ao dono, acompanhado de um bilhete em que pedia desculpas pelo ato praticado, alegando que ficara com a outra parte porque, desempregado, estava sendo obrigado a ficar com parte do dinheiro para mitigar um pouco sua fome. Como se isso não bastasse, ainda aconselhou a vítima a colocar cadeados em sua residência para que isso não tornasse a acontecer.

Entrevistada, a vítima sorrindo disse que perdoava o ato do ladrão, pois sendo também pobre, bem avaliava a fome de um desempregado.

Mas o delega, não. Entrevistado foi logo botando moral.

- Tem isso não. O quadro é de assalto. A pena de prisão é de dois a 8 anos. O fato de ele ter devolvido metade do furto não o isenta da pena. Se eu pegar esse ladrão ele vai ser condenado.

Enquanto isso, o nobre Carlinhos Cachoeira et caterva...



domingo, 27 de maio de 2012

O circo dos horrores

Não simpatizo (mesmo) com o ministro Gilmar Mendes. Desamor á primeira vista. Mas o que ele acaba de declarar na mídia é muito sério. A proposta que o ex presidente Lula lhe fez, se verdadeira, é mais um escândalo contemporâneo. Recheado de uma tentativa de chantagem, segundo ele Gilmar, de logo repelida, em relação ao encontro que manteve em Berlim com o ex-arauto da moralidade brasileira, Demóstenes Torres.


Creio que caberia a Lula, no mínimo, desmentir as declarações do ministro. Simplesmente não comentar cai no chavão antigo do ‘quem cala, consente’.

Será que o ministro é tão maluco a fim de fazer uma denúncia graciosa como a que está estampada na Veja desta semana?

E será quie Lula ainda não sabe de nada?

O cerne da questão levantada é: o ministro providencia o adiamento do Mensalão e em compensação Lula não denuncia o encontro que ele manteve em Berlim com o ainda senador Demóstenes Torres.

Bem, à primeira vista, a presidenta Dilma não tem nada a ver com isso. Graças a Deus e ainda bem.

Sei não, mas acho que ainda vai rolar muita lama por baixo da ponte.



terça-feira, 22 de maio de 2012

Salada de frutas

A CPI da cachoeira lembra uma salada de frutas.


Dizem que Lula, o ex, foi quem mexeu com os pauzinhos para a realização dela. Ao mesmo tempo, seu ex-ministro da Justiça, o grande Tomaz Bastos, foi contratado para defender o famoso bicheiro.

O bicheiro, bem ou mal orientado pelo ex da Justiça fechou o bico, a ponto de irritar a já irritada por vida Kátia Abreu.

Que o doutor Tomaz Bastos é um advogado competente, ninguém tem dúvida. Não sei em relação à ética. Contudo, não é ele quem está em julgamento.

Que o Cachoeira é um cínico, ninguém duvida. Afinal, é um dos pré-requisitos de todos marginais que se locupletam com o que pertence ao alheio.

Enfim, dizem que a CPI não vingará, porque que Lula deu um tiro no pé. Aí, tudo virou uma salada de frutas. Muitas frutas.

sábado, 19 de maio de 2012

João e Mariazinha


Os nomes são fictícios, mas a história é verdadeira. Ocorreu na semana que passou, em São Paulo.

João era o pai de Mariazinha, a qual conava com apenas 9 anos de idade. Filha única, não podia ver o pai que saia correndo para abraçá-lo e beijá-lo.

João é motorista de camnhão. Estava dirigindo o veículo e, chegando perto de sua casa, Mariazinha largou a mão da mãe e saiu correndo para pegar uma carona na carroceria do caminhão. Escorregou, caiu, teve o crânio esmagado e morte imediata. Os pais estão inconsoláveis. Tragédia medonha.

E por que estou repassando essa história tão triste?

Por que nosso mundo está tão cheio de lamentações tolas, tão, vazias, tão fúteia, que é bom pararmos um pouco e refletir na dor que tomará conta de João para o resto da vida. Esta, sim, dor incurável, que só Deus pode dar jeito.

Não bastasse tanto, o delegado das redondezas está pensando se vai abrir ou não inquérito para apurar a "culpabilidade" de João. São os rigores das leis dos homens, que às vezes se pretende acima das leis de Deus.

terça-feira, 15 de maio de 2012

Delação premiada - A problemática

Delação premiada – A problemática




Autor: Sílvio Caldas (jsc-2@uol.com .br)



Há cerca de dois anos o juiz federal e grande articulista Ivan Lira, em artigo publicado aqui, no Jornal de Hoje, deixou transparecer sua angústia em relação à hoje adotada delação premiada. Em seu escrito, fez referência ao peso da toga a que jurou defendera, mas também à formação ética que que recebeu de seus pais. Tecendo considerações enquanto juiz e enquanto cidadão que é, chamou atenção para o dilema: o juiz que obrigado a cumprir as leis vigentes é o mesmo que se debate, por vezes, com a própria consciência, por motrivos da próopria formação. É verdade que os tempos são outros, mas o homem, em si, é o mesmo, nada muda em sua essência.

Com efeito, chama atenção ao observador leigo o estrago que a delação premiada por vezes causa, sem que se possa verdadeiramente confiar, à primeira vista, nas informações prestadas pelo “alcagüete”. Este, um desmoralizado por natureza, só tem a lucrar ao trair seus supostos comparsas. E não se pode negar que embora cause um certo constrangimento, lucra também a sociedade, que de outro modo nem sempre teria acesso à verdade dos fatos criminosos ocorridos.

O problema reside é na sinceridade ou não do relato do traidor, isto é, até que ponto ele está sendo justo em relação às pessoas por ele delatadas.

Dependendo, pois, do caráter do delator, novos crimes poderão estar sendo cometidos por ele mesmo, com o fito de obter a indecorosa premiação. Muitos estragos pessoais poderão ser causados em nome de uma Justiça que, no seu afã de atingir o Direito, poderá praticar verdadeiras injustiças, não dando a cada um o que é seu, mas o que é mais conveniente no momento.

Bom, mesmo, era o grande inesqueível Cascudo (Luís da Câmara), que, ao longo de sua vida sempre adotou um lema diametralmente oposto à delação premiada. Ou seja, ele sempre defendeu e praticou o que denominava de intriga benéfica.

quarta-feira, 9 de maio de 2012

O espirro


No começo do mês passado estava prestes a fazer a famosa cirurgia de redução de estômago. O último laudo que permitia a operação foi liberado pelo pneumologista, o competente Dr. Sérvulo Azevedo, que mantém consultório no Hospital do Coração.

Coincidentemente, no dia seguinte à liberação do laudo apanhei uma corrente de ar que me fez espirrar.

O tal espirro produziu em mim uma dor aguda, estranha, na região toráxica, como jamais havia sentido ao longo da vida.

Diante do inusitado fenômeno, resolvi retornar ao pneumologista, o qual reexaminou meu quadro, chegando ate a desconfiar de alguma costela quebrada.

- Bem amigo – comentou comigo – aparentemente você não está com qualquer problema na região toráxica. Mas por prudência vamos suspender o laudo que liberei e agora mesmo vou lhe encaminhar para fazer uma tomografia do tórax. E por enquanto, vamos suspender a liberação para a cirurgia bariática.

Resumindo: a tomografia revelou um pequenino nódulo no lobo inferior do pulmão, aparentemente insignificante. O laudo tomográfico, por sua vez, apesar de registrar o pequenino nódulo nada conseguiu esclarecer.

Repetida a tomografia, três meses após a primeira, o pequeno nódulo lá estava, na mesma posição, o mesmo tamanho, como se fora uma figura decorativa.

Doutor Sérvulo, na mesma tarde, encaminhou-me ao Dr. Hylas Pereira, que, em sendo seu vizinho de consultório, tomou as providências cabíveis ainda na mesma tarde.

Enfim, e para não cansar o leitor: o nódulo, uma vez biopsiado, revelou simplesmente que eu era portador de um câncer de pulmão, o qual foi totalmente estirpado, graças a Deus e à equipe do doutor Hylas.

Como sou ex-fumante, ainda assim atribui o fato apenas a ser um fumante passivo, contudo fui informado que, apesar de já haver deixado de fumar há vinte e cinco anos, ainda assim minha chance de adquirir um câncer por causa do antigo hábito tabagista era o dobro em relação a uma pessoa que jamais fumou.

Sinto-me bem, atualmente. Agradeço ao apoio que recebi, além da equipe do doutor Hylas, da prestimosidade dos doutores Marcos Vinício (endocrinologista Unicad) e ainda dos doutores Vicente Modesto (Natalcor) e do doutor Genibaldo Barros (Hospital São Lucas). Aproveito a oportunidade para elogiar a competência, profissionalismo e carinho do corpo de enfermagem do pavilhão Santa Terezinha, do referido hospital, bem como à equipe da Unimed que fez todo o atendimento em minha residência, após a alta hospitalar.

Por falar nisso, alguém deseja um cigarrinho?







terça-feira, 3 de abril de 2012

Quando o criminoso é maior do que o crime

A meu ver certos crimes deveriam ser punidos em dobro, dependendo da área de atuação em que o criminoso atua.


Por exemplo: não se pode esperar de um sacerdote, ou de um pastor, ou seja lá de quem for que use a religião por profissão que venha a cometer os crimes que combatem, perante os fiéis.

Um médico, que fez o juramento de Hipócrates, jamais poderá ser um mercador da saúde. Não se pode compreender, por exemplo, que um médico seja sócio de uma farmácia de medicamentos. Do mesmo modo, um oftalmologista não pode ser sócio de uma loja que vende óculos. Tudo isso é intuitivo e tem previsão legal.

O mesmo raciocínio é válido para os profissionais que têm obrigação de proteger as leis, como juízes, policiais, dentre outros.

Nem sei como concluir os comentários acima. Acho que estou chovendo no molhado.

Mas o comentário acima adveio da reflexão sobre o nefasto comportamento do senador Demóstenes Torres.

Demóstenes, por sua postura de inquisidor implacável, colocou-se naquela rara galeria de políticos acima de qualquer suspeita. Procurador profissionalmente competente, político duro, com uma aparência de seriedade de causar inveja a um bode embarcado, eis que agora se vê envolvido numa série de suspeitas e perigosas ligações com um dos mais conhecidos pilantras da jogatina ilegal do país.

Ninguém pode evitar, por exemplo, que um ex-colega de turma, ou um amigo de infância, venha a se tornar um marginal. Mas continuar convivendo com ele em homenagem à antiga amizade, aí é diferente. Quanto mais quando essa amizade já nasce quando a gente é conhecedor das atividades de determinado marginal.

Tenho para mim que o senador Demóstenes surpreendeu até os parentes e amigos mais chegados a ele. Um terrível vexame.

sábado, 31 de março de 2012

O novo herói do Brasil


Temos um novo herói no Brasil do BBB de Bial. É um tal de Fael não sei do que. Emocionado, em sua primeira heróica entrevista declarou que não sabia ainda o que faria com o dinheiro do prêmio abiscoitado (um milhão e meio de reais), mas que iria encher sua adega com os melhores vinhos. Programação mesmo de herói.

Aliás, muitos, inclusive o grande Érico Veríssimo Filho criticam Bial e a Globo por tão infeliz criação. Mal sabem os críticos que por detrás dessa idiotice está uma verdadeira máquina de fazer dinheiro. Quer seja por meio de propagandas, quer através dos milhões de telefonemas que alimentam os cofres da emissora.

Discordo – data vênia – dos que criticam a emissora e o notável Bial. Deveríamos centrar nossa crítica na cretinização dos espectadores que alimentam o sucesso de tão nefasto programa. Sem eles o programa o os patrocinadores perderiam a razão de ser.

Parabéns Fael, você é o novo herói de uma nova "cultura"!

 

quinta-feira, 29 de março de 2012

Março de grandes perdas

O mês de agosto antecipou-se para março. Perdemos nosso “Chaplim” de Maranguape; em seguida perdemos a rainha do chorinho Ademilde Fonseca, potiguar sim senhor; em seguida perdemos nosso filósofo maior: Millor Fernandes.


Com o encantamento dos três o Brasil ficou menos alegre e menos culto. Perdemos também o poder da crítica bem humorada, mas de qualquer sorte direta, objetiva, inteligente e por vezes ácida. Não sei quem irá substituir Chico e/ou Millor. Que em outro plano possam dar continuidade às saudáveis contribuições construidas nessa Terra.



Quando não se pode, ou enquanto não se pode combater as mazelas que enxameiam nossa combalida República com armas mais eficazes, nenhuma outra substitui o humor, quando exercido por pessoas sensíveis e inteligentes como eram eles.

Para completar a tristeza de março, eis que o antigo acusador e atual senador Demóstenes Torres é flagrado em ligações extremamente perigosas, o que desserve a uma oposição política já tão insossa como a nossa.

Realmente, não foi um bom mês para o Brasil.

terça-feira, 27 de março de 2012

Pelé e Romário

Sempre admirei Pelé, não como cidadão, mas como atleta exemplar. Como cidadão ele ficou a dever para sempre pelo seu comportamento em relação à filha que insistiu em não reconhecer. A única que era a cara dele.


Nunca apreciei Romário como atleta. Achava-o oportunista, em termos de goleador. Jamais alcançou, a meu ver, a genialidade de Pelé. No mais, tinha dele também péssima impressão. Talvez até um pouco de preconceito, sei lá!

Mas Romário, ao se aposentar do futebol agigantou-se, para mim, como cidadão. Ao contrário de Pelé, quando ele fala, não é um poeta. Revela ser um homem inteligente, sensível e está me parecendo ser um grande representante do povo na Câmara Federal. Hoje em dia, fora eu eleitor e do Rio de Janeiro, ele poderia contar com meu voto, sim.

Suas declarações são objetivas, inteligentes e às vezes grosseiras, como os chutes de bico que ele dava em campo. Para ilustrar a afirmativa, ele fala por exemplo: “Pelé falando é um Poeta”, “Eles não querem saber de nada” (referindo-se à maioria dos colegas da Câmara).

Em entrevista à Veja, da quinzena passada, e referindo-se à recente troca da direção da CBF foi curto e grosso: “Para mim, não muda nada na CBF. Foi a troca de um ruim por outro pior”.

Ainda em relação à Câmara, teve a coragem de se expor nos seguintes termos: “Todo mundo acha que no alto claro do Congresso está a nata da nata. Pois o que mais tem no andar de cima é gente no ócio, quando não está metida em pilantragem”. Não se refere ao “Ócio criativo” de Domenico De Masi.

Pois é, Romário deve ter herdado essa objetividade nos campos de futebol. Objetividade que não condiz com a politicagem e as malemolências da maioria de nossos representantes. Desse jeito ele se torna antipático e mal visto entre seus pares. E ainda bem que ele é assim.

Mas o que mais me orgulha em ter Romário como um representante do povo e como cidadão da República é o seu amadurecimento como adulto e como pai de família. Chega a ser emocionante a declaração dele à esposa: “Nossa menininha nasceu diferente”. Ela respondeu: ‘Calma, vai ficar tudo bem’. Nunca escondi a Ivy de ninguém. Ao contrário. É o meu orgulho”.

Ao contrário de Pelé, o poeta, Romário sim, faz poesia e da boa.

terça-feira, 20 de março de 2012

Dr Onofre, o infortúnio

Como bem lembrou o doutor Ney Lopes em judicioso artigo no Jornal de Hoje, o doutor Onofre Lopes levou a vida a salvar vidas. Mas agora, por ironia do destino, foi obrigado a tirar uma vida. É bem verdade que em defesa própria e de sua esposa, mas de qualquer modo, para um homem ético e cumpridor de seus deveres, o fato a que foi obrigado a se envolver naturalmente lhe tirou o sono, pois o ato praticado por ele contraria a natureza e o caráter de que é forjado. Herança genética (filho do grande Onofre Lopes) e de uma prática profissional vivida ao longo de décadas.

Sei que deve haver por aí alguns espíritos de porco a querer apurar a quantidade de tiros desferidos pela arma do doutor Onofre em defesa própria e de outrem (no caso, a esposa). Aliás, não sei como a Justiça vai encarar juridicamente a tragédia. Se interpretá-la como em legítima defesa, tudo bem! No entanto se interpretar como excesso de defesa, o facultativo de outrora, hoje ancião e aposentado, terá que enfrentar o júri popular e suas consequências psicológicas.

De uma coisa eu sei: se é verdade que é de se lamentar a morte de qualquer ser humano, notadamente em circunstâncias trágicas, como foi o caso do facínora, também é verdade que o doutor Onofre Júnior já foi punido pela própria consciência, pois um homem de bem como ele sempre o foi, a vida inteira, levará consigo até a consumação dos dias questionamentos (deve estar sem entender, até hoje), porque Deus lhe deu tão ingrato destino.

Creio que resta a nós humanos e que conhecemos a vida e a obra do doutor Onofre prestar-lhe a nossa solidariedade e um conforto merecido.

Quanto ao bandido que afinal foi o causador objetivo da tragédia, que Deus se apiede dele também e de seus familiares.

Chantagem política?

O ex-presidente Fernando Collor reconheceu, há anos, que um dos principais motivos do seu impeachment foi o seu distanciamento do Poder Legislativo. Ou seja, tivesse ele sido menos arrogante, vaidoso e distante, as traquinagens do seu assessor PC Farias, de fato, não teriam passado de um pequeno pecado venial, de menor importância, se quisermos comparar com os rombos atuais a partir do chamado mensalão.

A propósito, quem culminou com a derrota de Collor não foi nem a atuação do famoso PC, e sim, a compra daquele carrinho (Elba) de modo irregular. Ali foi a gota d’água. Imagine!

De fato, se compararmos os desmandos contra o Erário de Collor e PC Farias com os ladrões atuais, os primeiros são uns santos.

Mas minha preocupação é em relação à presidenta Dilma. Ou seja, sua falta de entendimento (a mesma que Collor teve) em relação às casas legislativas do nosso País. Considerando que há rachaduras (leia-se insatisfeitos, até no próprio partido governista), é preciso que ela tome muito cuidado em relação às próximas medidas envolvendo o Poder vizinho, principalmente tendo em vista o seu principal aliado que é o PMDB.

Um bom exemplo para reflexão é a saída abrupta do Partido Republicano das hostes governistas (sete Senadores, ou seja, praticamente dez por cento do Senado), que debandou-se para a oposição, não por motivos ideológicos ou filosóficos, ou mesmo políticos. Motivo declarado: a presidenta Dilma “demorou” em nomear o novo Ministro dos Transportes e que tinha que ser, necessariamente (?) daquele partido. A meu ver, justificativa pífia e que cheira a traição.

É preciso que a Presidenta estude a história recente do País, mesmo porque, nos anos pósteros da cassação de Collor o que vimos foi uma verdadeira enxurrada de cassações por corrupção de muitos que se perfilaram nas tribunas das duas casas legislativas para justificar, com a moral de uma vestal, o voto com que pretendiam dar lição de moral. Eles, também, que não tinham moral para cassar ninguém.

O Brasil não merece passar por nova crise política daquela dimensão.

Aliás, outro assunto que deve ser examinado com muito cuidado é esse da tentativa de enquadrar criminalmente o famoso major Curió. Talvez seja melhor concentrar as forças atuais para tentar acabar com a corrupção das licitações, notadamente em relação à área da saúde. Assuntos para outras leras.

terça-feira, 13 de março de 2012

O problema dos crucifixos

A revista VEJA noticiou que o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJR-5) determinou a retirada de todos os crucifixos e símbolos religiosos dos prédios da Justiça do Estado. Sessenta por cento das pessoas pesquisadas a respeito foram contra a medida.


Hoje juiz aposentado me fiz a pergunta: E se eu tivesse sido obrigado a tirar Cristo de minha sala de audiência, obedeceria a tal desmando?

Acho que eu teria duas alternativas: ou me insubordinar em relação a tal absurda determinação, expondo em risco minha carreira; ou, em outra hipótese, seguir o próprio ensinamento de Cristo, quando disse: “A César o que é de César e a Deus o que é de Deus”.

Assim, temos saída para as duas atitudes: obedecer ou se insubordinar.

Gostaria de conhecer pessoalmente o presidente do TJR-5. Gostaria de saber se ele acredita em Deus (o Deus dos outros, principalmente) e a qual partido político ao qual ama e serve em segredo.

Acho que eu iria dar gostosas gargalhadas.

E Cristo também.

domingo, 11 de março de 2012

Os Lampiões do novo milênio

Nesses tempos modernos de internet é impossível não receber diariamente pelo menos uns trinta e-mails, das mais variadas instituições, pessoas físicas ou jurídicas. Propagandas, muitas delas de gosto duvidoso, algumas verdadeiras armadilhas dos chamados “hackers”... tem de tudo: programas de auto-ajuda, conselhos, correntes, orações, denúncias, pedidos. Enfim, tem até coisa boa no meio da tal enxurrada de arquivos. Tudo isso sem falar nos blogs, que trazem no seu bojo, do besteirol a matérias que realmente valem à pena.


Pois não é que no meio de tanta baboseira que recebi um dia desses um cordel enviado pelo meu amigo Antonio Martins, de autoria de um cancioneiro chamado Carlos Araújo, que em versos cadenciados e bem postos faz comparações entre o bando de Lampião e os Lampiões brasileiros do novo milênio.

Como não dá para transcrever aqui essa poesia popular de primeira qualidade, disponho aos leitores que por acaso se interessem em remeter por e-mail essa verdadeira jóia de poesia nordestina.

Gostaria muito de conhecer esse competente cordelista, verdadeiro cientista político popular, que com maestria, sem pretender transformar o bando de Lampião em heróis de Big-Brother, entretanto demonstra, por a mais b, que eles, Lampiões do passado, matavam muito menos gente e dava muito menos prejuízo aos cofres públicos que os Lampiões de hoje.

quinta-feira, 8 de março de 2012

Traição ou Evolução?

O projeto de voto em aberto, tramitando no Poder Legislativo trará a grande vantagem de o eleitor mais atento tomar conhecimento da postura política dos seus representantes. Com o voto secreto, como é atualmente, somente os mais perspicazes e atentos alcançam esse privilégio.

Em compensação, o voto secreto também não deixa de ter suas vantagens. Isso foi demonstrado ontem, 7 de março, quando o Senado, cuja maioria é pró-governista, aproveitando-se do voto secreto, rejeitou a renovação do mandato do atual presidente da Agência Reguladora dos Transportes Terrestres, o já famoso Bernardo Figueiredo,

A Presidenta Dilma, naturalmente não gostou (ou gostou?). Afinal, o bafejado senhor era indicação ainda oriunda do governo Lula e o rosário de denúncias de incompetência administrativa que beiram a prevaricação dele já chamava atenção até da base aliada, conforme foi francamente denunciado na tribuna do Senado pelo senador Requião, do Paraná.

Querendo ou não, a atitude do Senado foi histórica e sugere uma mudança de rumo daqui para a frente em relação a certas matérias. A essa altura tenho dúvidas se o projeto do famigerado trem-bala (dizem que é o trem-bola), acaso fosse votado agora, obtivesse o mesmo sucesso do ano passado.

De uma coisa tenho certeza: só tem um jeito de consolidarmos nossa Democracia: conscientizar o povo para que ele aprimore a escolha dos seus representantes. Infelizmente não vislumbro em qualquer dos nossos partidos políticos um programa autêntico. Pensava que o PT trazia consigo esse projeto. Mas, nem ele.

Aproveito a deixa para parabenizar as mulheres pelo seu dia.

segunda-feira, 5 de março de 2012

Pescadores de águas turvas

Mais uma vez trocando seis por meia dúzia a presidenta Dilma acaba de nomear para a chefia do Ministério da Pesca e Aquicultura o até então pescador de almas e senador Marcelo Crivela.

Fica clara mais uma vez a desnecessidade prática da referida instituição. Aliás, eu bem que já desconfiava disso. Afinal de contas, estava na cara que Ideli Salvatti, nem o defenestrado agora Luiz Sérgio entendiam bulhufas da missão (pesca e aquicultura). Em outras palavras, fica provado que até um boneco de cera é capaz de dirigir o órgão, e que do mesmo modo a ausência de boneco não dá nem para ser notada.

A presidenta Dilma se emocionou ao dar posse ao novo Ministro. Aparentemente por estar se despedindo de um grande servidor. Logo ele, que já não servira no primeiro ministério que ocupara.

Na qualidade de observador político bissexto atrevo-me a interpretar a nova dança das cadeiras como sendo um ato que tenta reparar a verborréia expelida pelo Ministro Gilberto Carvalho em relação aos evangélicos. Dizem que foi um porre de vinho que haveria tomado no Rio Grande do Sul que o levou a dizer aquelas bobagens.

Para o PT o estrago provocado pelo ministro Gilberto foi imenso, pois significou a perda de um Ministério para outro partido político.

Até agora tento interpretar, na minha humilde condição de aprendiz de psicólogo, o choro da nossa Presidenta. Ou seja, o que se passou, no momento da posse, no inconsciente dela? Que confusão mental ocorreu naquele momento em que ela nomeia um ministro e ao mesmo tempo alega ao demitido que não houve qualquer motivo maior que ensejasse sua demissão? Será dor de consciência? Ou será que nossa Presidenta naquela hora lembrou-se de que todos os meses, pelo menos naquele Ministério, o dinheiro do contribuinte vai diretamente para o ralo, já que por ali só têm passado autênticos pescadores de águas turvas?

Pescadores de águas turvas

quinta-feira, 1 de março de 2012

Comandante Ferraz - a tragédia anunciada

O relatório internacional denunciando as deficiências das instalações da nossa base militar e científica da Antártica, data de 2005.

Em compensação, agora em 2012 o orçamento destinado àquela instituição é o menor dos últimos sete anos.

Finalmente, as gambiarras terminaram gerando o incêndio que vitimou dois militares que ali serviam e que estavam prestes a ir para a reserva remunerada.

Até entendo o pronunciamento oficial da Marinha, relatando o zelo administrativo dispensado à Base. Mas a leitura desse zelo deve ser interpretada sob muita reserva, ou seja, a Marinha zelava no que podia as gambiarras e de acordo com as parcas verbas destinadas àquele órgão. E ponto.

O atual Ministro da Ciência e Tecnologia (não gostei dele, pois dá a impressão que fala sorrindo diante de tão humilhante desmando) afirma que não faltarão recursos para recuperar a Comandante Ferraz.

Em vez do tradicional "me engana que eu gosto", prefiro dizer que acredito nas palavras dele, até porque pagamos o maior vexame diante das outras bases internacionais que ali atuam.

Porém... quem irá responder pela tragédia que vitimou o sargento e o sub-oficial? É verdade que as famílias deles serão "agraciadas", com a promoção póstuma para o cargo de segundo tenente. Comparando com as indenizações de alguns dos nossos "guerrilheiros de escritório", que foram agraciados com imensas indenizações e promoções por seus duvidosos atos de bravura, é de se perguntar: é justo?

Que país de tão tristes contrastes Deus nos deu! No mesmo mês que nos deslumbramos com a organização, o luxo e a competência das nossas escolas de samba defrontamo-nos com a penúria da Estação de Pesquisas Comandante Ferraz.

Tenho admirado aqui e acolá nossa Presidenta, mas lamentei não ouvir da parte dela qualquer pronunciamento a respeito do triste acontecimento.