ESCRITOS DE JOAQUIM SÍLVIO CALDAS

Escritor, cronista e apaixonado por Natal
RN

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sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

A canção da professora

A música já estava praticamente concluída. Faltava concluir a letra. O título seria o acima, em homenagem à querida professora Noilde Ramalho. O tema central enfocava "o verdadeiro amor". Havíamos combinado, a dra. Olindina e eu para fazermos uma surpresa, no devido tempo, à homenageada.

A admiração que eu nutria pela professora Noilde, estranhamente, era a mesma que me marcou pela vida a fora minha primeira professora formalmente falando. Refiro-me a "dona" Cirene, do Instituto Nossa Senhora da Conceição, em Recife. A serenidade e a doçura daquele olhar, a bondade daquela mulher, o amor que ela nos devotava jamais esquecerei. Pois foram estas mesmas sensações que me tocaram logo aos primeiros contatos que tive a felicidade der ter com a grande mestra que Natal acaba de perder, justamente no dia de Natal.

Estava eu participando do mesmo cruzeiro que ela. Diariamente nos cumprimentávamos, desde o aeroporto, ainda na ida, até os encontros diários no restaurante do navio. Gozei, sim, do privilégio de conviver um pouquinho que fosse, dos últimos dias de "dona" Noilde.

Não tenho nenhuma vergonha de dizer que não pude controlar as lágrimas quando meu amigo Clênio me deu a notícia. Como também não estou conseguindo controlar esse choro de velho abobalhado ainda agora, quando escrevo essas linhas. Tal era o impacto que a personalidade da grande mestra me causava.

Infelizmente ainda estou em São Paulo e somente amanhã à noite chegarei a Recife. Portanto, não estarei materialmente presente para acompanhar aquela brava e sábia mulher à sua última morada. Mas Deus é testemunha da minha vontade e do meu sentimento.

Espero que Natal lamente para sempre tão grande perda. Dela se pode dizer com a maior propriedade, que fez do trabalho sua diária oração.

Adeus querida mestra. Sua canção está praticamente pronta. Simples,mas sincera. Talvez sexta-feira próxima Lucinha Lira consiga render essa modesta homenagem, mas feita com muito amor, respeito e gratidão por tudo que a senhora representou em meio século para a educação do Rio Grande do Norte. Somente uma coisa compensará um pouco a sua fala: o seu perene exemplo às novas gerações.

Ano Novo, de novo

Começa tudo de novo. Rotina que se perde no tempo, mas que consegue jamais se repetir. Sempre há novidades no ar. Gente nascendo, gente morrendo e a vida continua para os que ainda estão vivos. Esperanças renovadas, saudades dos que se foram e alegria dos que estão presentes, com votos de paz e amor.


No nosso Brasil um ano ainda mais diferente, isto é, nossa presidenta eleita toma posse daqui a três dias. Espécie de continuidade de um governo que já perdura há quase uma década. Entretanto não se pode dizer que haverá um continuísmo. Pelo menos é o que se espera. Mesmo por que se fosse para o Presidente Lula continuar dando as cartas, melhor seria que ele mesmo tivesse permanecido no poder, como era de fato seu desejo.

As cabeças pensantes do País e que jogam verdadeiramente o jogo democrático aceitam e rendem as homenagens à presidenta eleita esperando entretanto que exerça ela, de fato, as rédeas do poder, como lhe compete e lhe confiou o povo nas urnas. Que ela não venha a ser, enfim, uma marionete sob a vontade do Presidente que sai. Isso sim, o povo quer e merece.

Que haja erros e acertos ao longo dos próximos quatro anos, posto que governar é obra de seres humanos, mas que seja a Presidente Dilma a responsável pelos seus atos e decisões.

Muita gente tem estranhado o fato de alguns ministros continuarem no governo e a volta de Palocci, que praticamente será o Ministro mais importante do governo, que se tudo isso seja contabilizado contra ou a favor da nova presidenta. Que tudo o que está acontecendo, daqui para a frente, seja fruto da proposta que defendeu na eleição, e não do Presidente que sai. Do contrário estaremos sim, sendo vítimas de um verdadeiro calote eleitoral.

O melhor, portanto é confiarmos na personalidade e no vôo próprio da próxima Presidenta. Que Lula deixe Dilma governar em paz.

Aproveito a oportunidade para desejar aos meus leitores os melhores votos de sucesso no próximo ano.

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Cartoes de Natal

         Graças às maravilhas da internet a cada ano tenho recebido menos cartões de Natal, em troca de mensagens eletrônicas, por vezes verdadeiras obras primas de design gráfico que  chegam-me aos borbotões.
         Contudo, este ano chamou-me atenção um cartão que me foi enviado pelo desembargador Ronaldo Medeiros, do TRT. Chama ele atenção para o nascimento de outras 365 novas oportunidades de dizer à vida que de fato queremos ser plenamente felizes.
         Faz muito sentido a tal mensagem. Como bem disse um pensador cujo nome esqueço, “o importante não é o destino, mas a viagem”.
         Portanto, não sei ainda qual será o meu destino, mas terei no próximo ano 365 novas oportunidades de ser feliz. E enquanto isso, não hei de me preocupar com o meu destino, e sim com a viagem que tenho empreendido pela vida a fora.
         Há tempos que vinha me preocupando com a proximidade da minha aposentadoria compulsória. Tipo “o que é que vou fazer em casa”?
         Mas não, graças a Deus estou vivendo essa nova fase de vida como verdadeiramente uma nova fase. Do passado, somente as boas lembranças.
         Agradeço ainda a Deus pelas amizades que aqui tenho feito e consolidado ao longo dos anos.
         Carlinhos Pacheco/Gil, Zé Rocha/Vivi, Diógenes/Vera, Genibaldo/Lalinha, Serejo/Solange, Carrapicho, Dequinha, Valério, Zé Maurício/Vilma, Clênio/Olindina,  Felipão/Shyrlei, Nina e filhas, Odúlio, Jurandyr, Marcelo e Jahyr Navarro, Camilo/Anna, Adalberto, Eider pai e filho, François, Maria Araújo, Décio/Gracinha, Roberto Furtado, Wellington Leiros, Ruisinho/Leise, Lula Martins, Maurinho, Fernando da Gata, Maurílio Pinto...
         Tenho consciência de que faltam tantos... mas só no papel, pois trago todos os demais também no coração.
         Obrigado, Rio Grande do Norte, tenho muito orgulho de ter sido adotado como um filho. Obrigado Robson Farias e demais deputados.


segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Eu te amo, P...!

Da sexta para o sábado, pleno Carnatal, perdi o sono e liguei a televisão. Parei num dos canais que estava mostrando ao vivo o desfile do referido show. O grande público, jovem em sua maioria, dança animadamente ao som de uma música tipo axé, cuja letra começa assim: “Eu te amo, P...”. Embora me sinta a essa altura um velho ultrapassado, tenho vergonha de transcrever o palavrão contido na tal música, em respeito aos meus leitores, eu que jamais escrevi qualquer artigo utilizando-me de linguagem chula.

Confesso que fiquei estarrecido com os berros do cantor e autor da grande obra que, aliás, jactava-se de que estaria sendo perseguido por determinada emissora de televisão que se negara em divulgar sua bela canção.

Acho que o termo censura está sendo substituído por falta de gosto e de um verdadeiro sentido das coisas em geral. Uma coisa é se contar uma piada, por mais pornográfica que seja, a boca miúda, entre adultos e de formação moral já consolidada; outra coisa é lançar ao ar expressão tão deplorável como a utilizada na referida música, para que a juventude decore a letra e ache que está tudo certo. Aliás, tive ainda oportunidade de ouvir a segunda música do mesmo autor, de letra ainda mais duvidosa. Tratava-se de uma pretensa homenagem ao falecido músico e poeta Raul Seixas. Pretendeu o nosso herói rimar a palavra raUL com c...

Sei que serei considerado por muitos como retrógrado, “babaca” e demais coisas do gênero. Antes assim. Aconselho que os pais realmente exerçam certa censura sobre o que os seus filhos estão a absorver a título de cultura modernista, para que não se amplie ainda mais o caos que está a predominar em nossa sociedade.

O que se salvou nesse fatídico sábado foi a prazerosa visita que Marcinha e eu fizemos ao Instituto Ludovico, que é mantido pelos descendentes diretos do saudoso Câmara Cascudo. Ali sim, conhecemos um pouco mais da inesgotável obra do grande mestre e rememoramos um Brasil de saraus e bibliotecas que a memória do tempo está teimando em tentar apagar.

Vale a pena uma visita ao Instituto Ludovico, que a competente Daliana com a participação de toda a família instalou na antiga casa em que viveu o Mestre Cascudo, na Avenida Junqueira Ayres.

Ali, não só os alunos, mas os professores de hoje em dia entrariam em contato mais direto com o que deva ser considerado uma verdadeira mostra de cultura viva.

Salvei meu sábado, graças a Deus!

Por falar nisso, nosso Diógenes está de volta, trazendo na bagagem inúmeras estorinhas geniais.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Educadores de escol

A Prefeitura de Natal outorgou na segunda-feira da semana passada a Comenda Waldson Pinheiro a diversas personalidades norte-riograndenses que dedicam o melhor de suas vidas à educação pública do Estado.


Em meio aos homenageados lá estavam meus amigos, a professora Maria José de Araújo (ex-Gadelha) e Laércio Segundo de Oliveira.

A Comenda é uma homenagem da Prefeitura Municipal de Natal por intermédio da Secretaria Municipal de Educação, concedida anualmente aos que contribuíram ou contribuem para o desenvolvimento educacional do município, destacando-se em interesse de significativo alcance socioeducacional e cultural.

A homenagem a esses dois amigos que cultivo com muito carinho ao longo dos muitos anos que aqui vivo, não digo que seja tardia, mas que afinal, já não era sem tempo. Pelas suas competências, dedicação e seriedade a que sempre se dedicaram à causa do ensino e do serviço público no mais amplo sentido da palavra. Exemplos dignificantes e que devem servir de referência permanente aos pósteros. Para mim, motivo de sadio orgulho.

Infelizmente problemas de saúde impediram-me de comparecer ao evento.

Para quem não sabe, o professor Waldson Pinheiro, que empresta seu nome à importante outorga, embora fosse pernambucano de nascimento exerceu no Estado as mais importantes funções ligadas aos problemas educacionais, sendo inclusive o autor do Hino de Natal, sendo por todos considerado um natalense de coração.

Aproveito a oportunidade para parabenizar a prefeita Micarla de Sousa por tão justas e merecedoras homenagens, que somente engrandecem sua administração.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Palocci, a grande eminência, sempre

Palocci, em verdade, não está de volta; apenas permanece. Curiosamente, um dos melhores técnicos da área econômica que o Brasil já conheceu, apesar de ser formado em Medicina.

Aliás, até nesse ponto o Brasil é diferente.

Grande ministro da guerra – Pandiá Calógeras – reservista de segunda.

Grande ministro da saúde – José Serra – economista.

Grande ministro da área econômica – Palocci – médico.

Logo no início da crise que o envolveu Palocci submergiu um pouco, mas realmente nunca se ausentou. O sucesso e a continuidade de Mantega no próximo governo não se deve ao próprio. Está na cara. São os cordões paloccianos (e não palacianos) que fazem os bonecos se mover. Mas não dava mais para esconder. A doutora Dilma venceu as eleições e logicamente precisava manter na essência as mesmas diretrizes econômicas que, embora tenham por nascedouro o governo Itamar Franco, foi sabiamente mantida por Palocci. Então ele tinha que realmente agora aparecer, embora mantido Mantega oficialmente à frente da economia brasileira. Não tinha mais como escondê-lo. E a futura presidente, conforme já demonstrou à saciedade, é uma mulher, além de guerreira é uma mulher pragmática.

A questão ética foi mandada às favas (expressão cunhada por Passarinho). Afinal, Palocci é o cara.

Na prática, acho que o Brasil sai ganhando, afinal, como diria um grande técnico de outrora, não se mexe em time que está ganhando.

Palocci começa com P, Pelé também. Às favas pois a ética.

Viva o Brasil.

Concluo essa crônica parabenizando meu amigo e excelente escritor Valério Mesquita, pelo lançamento do seu Causos de 2010. Como sempre excelente produção. Noite de autógrafos muito concorrida no antigo palácio do Governo, regada a água escoceza, espumante, canapés e a nossa Banda dos Anos Sessenta, como sempre um show à parte. Ocorreu na quarta-feira passada.