ESCRITOS DE JOAQUIM SÍLVIO CALDAS

Escritor, cronista e apaixonado por Natal
RN

jsc-2@uol.com.br


quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Hinos - a repercuss/ao

Praticamente desde a fundação deste Jornal que escrevo um artigo semanal. Tarefa difícil para mim. Não sei como Serejo consegue fazer uma crônica diária e com a boa qualidade de sempre. Casamento do talento com a competência.

Outrossim, artigos há que os escrevo sem a menor pretensão, mas que de repente obtém repercussão bem além do esperado. Foi o caso, por exemplo, do artigo da semana passada, quando fiz alguns comentários sobre o hino do Rio Grande do Norte, em razão de críticas que foram dirigidas aos nossos deputados por não saberem cantá-lo.

Em menos de 48 horas recebi inúmeros e-mails praticamente em apoio aos meus comentários, além de vários telefonemas.

Logo no dia seguinte recebi um telefonema da grande Leide Câmara, escritora especializada no cancioneiro potiguar, autora, além de outras obras, do Dicionário da Música do Rio Grande do Norte que em meu socorro esclareceu dentre outras coisas que havia um hino antes do atual oficialmente adotado, que era cantado nas escolas.

Não bastasse a autoridade de Leide, recebo um e-mail de outro grande, nosso Ivoncísio Meira de Medeiros, que transcrevo a seguir, para maior esclarecimento dos leitores e em prol da cultura potiguar.

“O hino do RGN oficial foi aprovado pela AL no Governo de Dinarte Mariz, em 1957, em detrimento daquele que se cantava nas escolas de autoria do Dr. Nestor dos Santos Lima (a briga foi feia). A sua autoria é do poeta GONGORICO Augusto Meira (não é meu parente), nascido em Ceará-Mirim (Engenho Diamante). No Pará foi Promotor de Justiça em Santarém e depois, já em Belém, foi Professor de Direito, Deputado Estadual e Federal, por várias legislaturas, e Senador. Gozou dos favores do Interventor Barata Foi jornalista e dono de Jornal. Como poeta escreveu centenas de sonetos e querendo suplantar Camões, escreveu "Brasíleis", poema épico maior que os "Lusiadas". Quanto a sua curiosidade sobre as figuras históricas, por ele citadas no Segundo Canto, esclareço que FRANCISCO CALDEIRA CASTELO BRANCO foi Capitão-Mór do Rio Grande do Norte (16/12/1614) e seguindo para o norte conquistou e ocupou a "boca" do Rio Amazonas e fundou a cidade de Belém. Poema gongórico não convence e você flutua nas palavras e construções épicas ao bel prazer do autor. Estou com ensáio pronto a respeito do assunto que publicarei em livro. Ivoncísio Meira de Medeiros. “

Recebi ainda do poeta Diógenes Cunha Lima hino de sua autoria, acompanhado de CD, denominado Hino do Rio Grande do Norte (para escolas), cuja letra também transcrevo e encerro o assunto.

“Sou potiguar, sou valente, sou gentil,

Avançamos para o mar

Que guarda história, venturas mil,

Com muito orgulho, destino nordestino,

A nossa terra é a esquina do Brasil.

O nosso Rio Grande, o nosso Rio Grande

É rico em chão, em gente, em coração,

Pequeno Estado em nós se expande,

Honra o passado, o amor à terra, à tradição.

Refrão:

Brancos, negros, os potis

Misturam suas virtudes

Nas águas do Potengi.

As cidades e o campo

Vivem nossa Capital,

Onde a beleza nasce e se renova

Todo dia é dia de natal.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

HINOS

Há cerca de duas semanas vários jornalistas estranharam o fato de os deputados da atual legislatura norte-riograndense não saberem entoar o hino do nosso Estado.


A notícia despertou minha curiosidade. Desenvolvi uma pequena pesquisa entre diversos professores do primeiro e segundo graus e os pesquisados me responderam que nem eles nem os respectivos alunos conheciam a letra do hino. A música, alguns conseguiram lembrar de duas ou três frases musicais. Foi o máximo que consegui.

Portanto, a grosso modo pode-se dizer que praticamente ninguém sabe cantar o hino do Estado. Por que, então, cobrar isso dos representantes do povo?

Mas aí minha curiosidade ficou ainda mais aguçada. Fui ler atentamente o nosso hino e nele descobri os seguintes verbetes, verdadeiras pérolas de um português inacessível aos dias de hoje: esplendente, alarde, sustém, arcanos, Amazônia Caldeira, descantam, atlante, incende, recama, adejo... e assim por diante. Aliás, por coincidência três das palavras acima citadas são desconhecidas dos dicionários em geral.

Portanto, hino de letra e música difíceis, além de pouco divulgados.

Bem melhor fizeram os cariocas, ao adotarem como hino uma marchinha carnavalesca (Cidade Maravilhosa), que a todos cantam e encantam.

Já defendi daqui desse meu espaço que nosso hino deveria ser a famosa, cantada e decantada Serenata do Pescador, de Otoniel Menezes e Eduardo Medeiros, desde que se resumisse o longo embora belo poema. Duvido que nossos deputados pelo menos não cantarolassem. Quanto à boemia em geral, nem falar.

Em todo o caso, “para não dizer que não falei de flores”, eis aí minha modesta contribuição, isto é, a divulgação da letra do nosso hino oficial.

Antes, porém, algumas observações que chamam atenção a minha ignorância.

Primeiro, acho injusto chamar o holandês de astuto. Discussão que envolveria por certo algumas taças do vinho Cascudo.

Segundo, quem diabos é esse tal de Caldeira?

Terceiro, qual é o tal mistério escalado que o Brasil acordou?

Quarto: por que razão a glória do Rio Grande do Norte flutua em Belém?

Tem outras coisitas mais que não me convencem no longo poema.

Portanto, é querer exigir demais que nossos deputados cantem tão complexo e complicado hino.

É uma pena. Ei-lo.



HINO DO RIO GRANDE DO NORTE

Rio Grande do Norte esplendente

Indomado guerreiro e gentil,

Nem tua alma domina o insolente,

Nem o alarde o teu peito viril !

Na vanguarda, na fúria da guerra

Já domaste o astuto holandês !

E nos pampas distantes quem erra,

Ninguém ousa afrontar-te outra vez!

Da tua alma nasceu Miguelinho,

Nós, como ele, nascemos também,

Do civismo no rude caminho,

Sua glória nos leva e sustém!

Estribrilho

A tua alma transborda de glória!

No teu peito transborda o valor!

Nos arcanos revoltos da história

Potiguares é o povo senhor!

II

Foi de ti que o caminho encantado

Da Amazônia Caldeira encontrou,

Foi contigo o mistério escalado,

Foi por ti que o Brasil acordou!

Da conquista formaste a vanguarda,

Tua glória flutua em Belém!

Teu esforço o mistério inda guarda

Mas não pode negá-lo a ninguém!

É por ti que teus filhos descantam,

Nem te esquecem, distante, jamais!

Nem os bravos seus feitos suplantam

Nem teus filhos respeitam rivais!

III

Terra filha de sol deslumbrante,

És o peito da Pátria e de um mundo

A teus pés derramar trepidante,

Vem atlante o seu canto profundo!

Linda aurora que incende o teu seio,

Se recama florida e sem par,

Lembra uma harpa, é um salmo, um gorjeio,

Uma orquestra de luz sobre o mar!

Tuas noites profundas, tão belas,

Enchem a alma de funda emoção,

Quanto sonho na luz das estrelas,

Quanto adejo no teu coração

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Com Tiririca, pior não fica!

Eis a primeira declaração de Tiririca após a posse: “Acho que vou me dar bem!”

Mas isso não é novidade. Zé Dirceu também tá se dando bem; Genoino; Delúbio e muitos outros que todos sabemos quem são.

Tiririca pelo menos até agora vai se dar bem por um motivo simplório, a não ser que evolua para mais. Ou seja, se deu bem, porque jamais pensou que um analfabeto como ele pudesse representar num país grande como o nosso o deputado federal mais votado nas últimas eleições.

Nosso povo é por natureza pacífico e o analfabetismo estimula ainda mais um estado de passividade, ou quase inércia.

Nossa violência urbana é fruto de um aprendizado nefasto. Em parte, devemo-la aos enlatados norte-americanos, que outra coisa não nos ensina. Mas as raízes da nossa violência urbana são mais profundas e têm origem na nossa falta de vontade política (refiro-me mais aos políticos de carteirinha) para que a qualidade de vida do povo melhore.

De há muito vivemos num país do faz de conta, isto é, legislações surrealistas, avançadas (proclamadas mas não reais), para que se aplique num país atrasado.

Ao mesmo tempo em que nossas leis falam de uma obrigatoriedade para que os pais coloquem os filhos na escola, não temos escolas suficientes e nem a valorização dos professores que favorecem um ensino de qualidade socialmente referendada.Valorização embasada no tripé: condições de trabalho; salários dignos e em dia; e formação inicial e continuada que não apenas certifiquem, mas que também tenham repercussões nas salas de aula oferecendo condições dos alunos e alunas apropriarem-se dos saberes científicos e aprenderem a pensar e atuar na realidade.

A mesma contradição verifica-se em relação à legislação que pretende proteger o direito das crianças. Proíbem-se as crianças de desenvolver qualquer tipo de trabalho, mas não se dá solução para os meninos de rua e na rua. Tudo na base do clientelismo e romantismo tão próprio dos confortos dos gabinetes refrigerados e do cafezinho.

Nossas forças armadas não tomam conta das fronteiras, secas nem molhadas, dado a falta de condições materiais.

Acho mesmo que Tiririca tem razão. Pior não fica.

Com Tiririca, pior não fica!

Eis a primeira declaração de Tiririca após a posse: “Acho que vou me dar bem!”

Mas isso não é novidade. Zé Dirceu também tá se dando bem; Genoino; Delúbio e muitos outros que todos sabemos quem são.

Tiririca pelo menos até agora vai se dar bem por um motivo simplório, a não ser que evolua para mais. Ou seja, se deu bem, porque jamais pensou que um analfabeto como ele pudesse representar num país grande como o nosso o deputado federal mais votado nas últimas eleições.

Nosso povo é por natureza pacífico e o analfabetismo estimula ainda mais um estado de passividade, ou quase inércia.

Nossa violência urbana é fruto de um aprendizado nefasto. Em parte, devemo-la aos enlatados norte-americanos, que outra coisa não nos ensina. Mas as raízes da nossa violência urbana são mais profundas e têm origem na nossa falta de vontade política (refiro-me mais aos políticos de carteirinha) para que a qualidade de vida do povo melhore.

De há muito vivemos num país do faz de conta, isto é, legislações surrealistas, avançadas (proclamadas mas não reais), para que se aplique num país atrasado.

Ao mesmo tempo em que nossas leis falam de uma obrigatoriedade para que os pais coloquem os filhos na escola, não temos escolas suficientes e nem a valorização dos professores que favorecem um ensino de qualidade socialmente referendada.Valorização embasada no tripé: condições de trabalho; salários dignos e em dia; e formação inicial e continuada que não apenas certifiquem, mas que também tenham repercussões nas salas de aula oferecendo condições dos alunos e alunas apropriarem-se dos saberes científicos e aprenderem a pensar e atuar na realidade.

A mesma contradição verifica-se em relação à legislação que pretende proteger o direito das crianças. Proíbem-se as crianças de desenvolver qualquer tipo de trabalho, mas não se dá solução para os meninos de rua e na rua. Tudo na base do clientelismo e romantismo tão próprio dos confortos dos gabinetes refrigerados e do cafezinho.

Nossas forças armadas não tomam conta das fronteiras, secas nem molhadas, dado a falta de condições materiais.

Acho mesmo que Tiririca tem razão. Pior não fica.