ESCRITOS DE JOAQUIM SÍLVIO CALDAS

Escritor, cronista e apaixonado por Natal
RN

jsc-2@uol.com.br


segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Poemeto de Ano Novo

A revista Veja estampou na capa da edição de número 2.142 um título muito chocante – O Natal dos Safados – em que destaca “A impunidade e outros nove presentes que os corruptos sempre ganham de Papai Noel”. Na mesma edição, em “Carta ao Leitor” a foto do político americano Buld Dwyer, no exato momento em que praticava o suicídio, com um tiro de revólver apontado para a boca, depois de ser pego em flagrante. Não pretendo, segundo a própria revista, sugerir que os corruptos brasileiros segam o exemplo do indigitado colega, mas que pelo menos os nossos corruptos sejam presos.

Claro que ninguém deseja que eles cometam o suicídio. Afina,l eles são tantos que floresceria uma portentosa indústria de funerárias como jamais visto no mundo. Ao mesmo tempo, eis o contraditório: onde iríamos parar com a construção de novas cadeias? A não ser que fizéssemos uma curiosa troca, isto é, libertar os ladrões de galinha para dar espaço para os ladrões de gravata. Mas, aí também o custo não compensaria. Os ladrões de gravata querem merecer atenção “humana”, se acaso forem presos. Tratamento desumano, só para a ralé.

Então fica difícil a situação do país. Melhor solução então será aumentar os impostos, gerando mais riqueza para o erário, permitindo maior frouxidão nas roubalheiras das licitações. Acho que essa é a missão dos homens de bem: trabalhar, produzir bastante, para fornecer matéria prima para os safados da república, os chamados “homens de bens”. Haja panetone, pois.

Estamos ingressando no 2010, ano da sucessão. As águas vão rolar. Conversa para todos os lados e para todos os gostos. Melhor para os corruptos, pois eles não têm partidos, apenas procuram tirar partido, isto é, tirar dos partidos. Sei lá.

É com essa confusão mental que me debruço hoje no último comentário do ano, anunciando aos amigos que estarei inaugurando (para entrar, afinal, na modernidade tecnológica), um blog, criado graças à competência do meu amigo, misto de jornalista e designer Leonardo Sodré, em pleno domingo de libações comedidas à sombra do benfazejo gazebo da doutora Gil (Carlinhos) Pacheco, no principado de Santa Rita. O endereço é www.escritosdejoaquimsilviocaldas.blogspot.com .

Para finalizar com ares de final de ano, desencavei um poema escrito há muitos anos, em tempos que também eram difíceis: de inflação programada e que causava aos da minha geração preocupações mil, mas em que se havia políticos roubando eram tão poucos que passavam despercebidos. Em verdade, a inflação programada agora foi substituída pela delação premiada. Rimar, rima, mas não é a mesma coisa. Eis o tal



POEMETO DE ANO NOVO



- Bom dia, Ano Novo!

Que trazes agora?

Conta-me as novidades...



Ah, meu filho, de novo, só eu!

E se a notícia não te agrada,

Pouco importa.

De qualquer sorte,

Estou à tua porta,

Cumprindo o meu papel,

Inexoravelmente.

E te digo mais,

Não sei quem irá primeiro,

Se tu ou eu!



Que o novo ano nos traga a todos que pagamos impostos (inclusive esse tal de IPTU desembestado) novos alentos e novos talentos – apesar de certos políticos peçonhentos.

Fui.

O Natal dos Panetones


Pensei que o Natal deste ano de 2009 fosse ser igual aos outros e em que pese o belo artigo do padre João Medeiros Filho da 17 de dezembro passado, sob o título “Natal: festa do encontro”, estamos vivendo como nunca, no Brasil um autêntico Natal do desencontro. Nosso Natal sofisticou-se. Alguns, é verdade, ainda pretendem festejar o nascimento de Cristo, citado equivocadamente pelo presidente Lula enquadrando-O numa hipotética situação política. Nosso Natal pode ser lembrado aos pósteros como o Natal dos Panetones das Crianças Pobres (NPCP).

O presidente Lula, como nunca, disse uma grande e definitiva verdade. “A corrupção, meus amigos, ela é tão perigosa que pode estar na sala ao lado de onde trabalhamos; ou mesmo dentro da nossa própria casa”. Verdade verdadeira, absoluta. Quem sou eu para contrariar tão grave discurso.

Mas segundo os estudiosos da matéria, a corrupção não é um fenômeno genuinamente brasileiro, posto que sempre se ouviu falar de corrupção em outros países, até bem mais adiantados do que o nosso, como Estados Unidos, Rússia, Japão, Alemanha e por aí vai. O que diferencia nosso País dos demais é que aqui os ladrões de gravata não vão para a cadeia e termina sobrando para quem os denuncia.

Outro engano: muita gente pensou que a corrupção na política é praticada por determinados membros de determinados partidos políticos. Ledo engano, pois ela não é propriedade privada. E, como dizia o famoso Barão de Itararé, o maior problema dos nossos políticos é que eles querem praticar na vida pública o que só se deve praticar na privada. Trocadilho à parte, e ainda parafraseando nosso Presidente, nunca antes se roubou tanto nesse País. Pelo menos ao que se saiba. E o pior é a falta de vontade política para se enfrentar com seriedade o problema. Fazer uma campanha tendo como exemplo a tal campanha das “mãos limpas”, como na Itália, é muito difícil de se fazer aqui na terra de Cabral por motivos óbvios. Faltam mãos para tanto.

E para não dizer que não falei de flores, aproveito a oportunidade para desejar aos meus poucos mais diletos e efetivos e afetivos (alguns, nem tanto) leitores os melhores votos de próximos Natais mais pobres de panetones e mais eivados de vergonha na cara, pois em sendo um Natal de boas recordações, o ano novo será, necessariamente, mais promissor.Afinal, como bem ensina o mestre Cuca, para se obter um panetone precisa se botar a massa para descansar.

E eu, que tanto gostava do tal panetone, embora diet, esse ano, não sei por que, enjoei do acepipe.

domingo, 20 de dezembro de 2009

Começando...

Em pleno "Principado de Santa Rita" - num domingo estival -, ao lado do SPA das galinhas e debaixo da sombra do gazebo de Gil e ao lado dos amigos Carlos Pacheco e Leonardo Sodré, a conversa girou em torno da tecnologia dos blogs, que eu não sei nem para onde vai. Mas, LeoSodré, de repente sacou o "laptop" de Carlinhos e disparou:

-Vou fazer seu blog agorinha mesmo...

- Então faça esse danado e me prometa que na semana que entra vai tomar um uísque lá em casa para me ensinar a mexer no danado do blog.

Ele, que não gosta de uísque, para não dizer o contrário, respondeu dizendo que somente ia se Carlinhos Pacheco fosse, porque precisava de um fotógrafo. Logo Carlinhos que nem sabe ligar direito a máquina de retratos de Gil...

Enquanto a conversa tomava outros rumos laterais aos papos internáuticos, deleitei-me com umas tapiocas e um peixe serigado que surgiu da cozinha do principado, aliás sempre farta e a espera dos amigos.

Estou começando nesse tal de blog. Prometo colocar todas as minhas crônicas, artigos e poesias para os meus amigos, inimigos e, quem sabe, para os meus descendentes.