ESCRITOS DE JOAQUIM SÍLVIO CALDAS

Escritor, cronista e apaixonado por Natal
RN

jsc-2@uol.com.br


sexta-feira, 18 de junho de 2010

Os galos, pobrezinhos!

Os galos, pobrezinhos!




Autor: Sílvio Caldas (jsc-2@uol.com.br)



Primeiro as crianças. Nossa legislação proíbe que crianças menores de 14 anos trabalhem. Em compensação nosso país é o 3º país que mais explora o trabalho infantil.

Segundo o competente procurador do Ministério Público do Trabalho, Xisto Thiago de Medeiros Neto, somente três por cento das crianças de 5 a 11 anos que trabalham chegam ao ensino médio, sendo 12 por cento das que começam a trabalhar de 12 a 15 anos e que atingem a mesma etapa de ensino. No dizer do Procurador “isso significa que quanto mais cedo a criança inicia um trabalho doméstico, menores são as chances de ela concluir os estudos”.

E mais: “O Brasil é o terceiro país da América Latina que mais explora o trabalho infantil doméstico, ficando atrás apenas do Haiti e da Nicarágua. Mais de 2,5 milhões de crianças e adolescentes brasileiras entre 5 a 16 anos são exploradas. E mais da metade não tem carteira de trabalho assinada e nem mesmo remuneração.

Contudo, nossa legislação maior, a denominada Constituição Cidadã proíbe qualquer tipo de trabalho a menores de 16 anos, exceto como aprendiz, a partir dos 14 anos.

Portanto, não nos faltam leis boas, o que nos falta é quem as aplique e as fiscalize e puna os infratores. Por isso mesmo, chamo nossa legislação de romântica. Coisa pra novela das oito.

E para não me alongar mais nem me aborrecer, eis a última manchete de tal Jornal: Rinha é desarticulada, 30 pessoas são detidas e 72 galos apreendidos. Essa é a manchete. Agora, vamos à prática: “Depois da apreensão, no entanto, a Cipam (Companhia de Polícia) está com um problema. Os galos não têm onde ficar, pois não é de responsabilidade da Companhia a guarda do animal e o IBAMA de Natal, segundo o tenente Bezerra, disse não ter condições de receber”.

E continua: “Estamos vendo com Mossoró para ver se levamos essas aves para ali. Agora criamos um problema, porque não adianta realizarmos operações, apreendermos os animais e não tê-los para onde mandar”, desabafou o oficial, que revelou que várias outras operações estão sendo programadas para serem colocadas em prática na Grande Natal”.

Em conclusão: nossas crianças são tratadas como animais, e estão tratando os animais (pelo menos os galos) como tratam nossas crianças.

Agora, durma-se com um barulho desses.

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