ESCRITOS DE JOAQUIM SÍLVIO CALDAS

Escritor, cronista e apaixonado por Natal
RN

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terça-feira, 19 de outubro de 2010

O bajulador

O termo origina-se do verbo bajular, que é um transitivo direto, cuja etimologia vem do Latim e significa levar nos braços, levar às costas etc. etc.


Daí vem o adjetivo e substantivo masculino bajulador, ou seja, que ou aquele que bajula, adulador, que significa carregador, mariola, etc.

São sinônimos de bajulador: adulador, adulão, aduloso, babão, baba-ovo, banhista, caçambeiro, cafofa, capacho, chaleira, chupa-caldo, corta-jaca, escova-botas, lambe-botas, lambe-cu, lambedor, lambe-esporas, lambeta, lambeteiro, lisonjeador, louvaminheiro, mesurado, pelego, puxa-saco, sabujo, servil, servilão, turibulário, turiferário, xeleléu, xereta, zumbalieiro, além de outros menos cotados.

No serviço público pululam os bajuladores, que são também conhecidos como carreiristas, isto é, aqueles que, incompetentes, buscam através de artimanhas, intrigas e pequenos favores alçar melhores postos de serviço. Normalmente – e como não poderia deixar de sê-lo, são pessoas de péssimo caráter e que findam por trair exatamente aqueles a quem adularam e de quem receberam prebendas. O fenômeno, isto é, a traição ocorre geralmente às vésperas do chefe deixar o cargo, por aposentadoria ou outro motivo qualquer. Neste momento os bajuladores fazem o que o vulgo denomina de vira-casaca, e passam a detratar justamente aqueles a quem antes bajulava em prol de benefícios.

Já na empresa privada a figura do bajulador é rara, uma vez que ali se busca objetividade, produtividade, profissionalismo e lucro. O bajulador é até bem vindo para aqueles que gostam de massagear o próprio ego, mas além de bajular ele tem que realmente produzir e demonstrar competência.

Há quem goste, no serviço público, da figura do bajulador, mesmo sabendo que ao final será por ele traído. O problema é que muitas vezes eles pensam que exploram, mas na verdade estão é sendo explorados, e em tempo hábil os bajulados fazem como se faz com as laranjas após extrair-se delas o suco. Joga-se fora o bagaço.

Tenho mais de meio século de serviço público e conheci ao longo da minha longa trajetória inúmeros bajuladores. O tipo é realmente nojento, asqueroso, covarde e desonesto. Uma chaga que de há muito deveria ter sido extirpada no serviço público.

Nos idos da chamada “gloriosa”, quando ainda não tinha sido implantado no Brasil o Serviço Nacional de Informações muitas injustiças foram cometidas pelos militares encarregados de investigações, pois à falta de melhores recursos muitos se serviam dos chamados informantes, pessoas que além de despreparadas para a função de informação aproveitavam-se para tirar partido ou proveito próprio, entregando às autoridades muitas vezes pessoas que eles sabiam ser inocentes, em troca de mostrar serviço para se auto-promoverem, a ponto de surgir no Brasil daquela época mais um brasileirismo – o chamado “dedo-duro”.

Odeio os bajuladores.

Fui.

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