O trem sempre exerceu em mim especial fascínio. De fato, desde criança era o transporte que me levava para as férias. Viagem que era verdadeira e inesquecível aventura.
Do Recife (PE), para Porto Real do Colégio (AL) levávamos dois dias, com baldeação/pernoite em Maceió. Em Colégio (naqueles idos não havia ainda a ponte), atravessávamos o rio São Francisco em canoa, ou para Propriá ou diretamente para o Cedro de São João, se era tempo de rio cheio.
O primeiro dia da viagem era o mais prazeroso. Passávamos em Viçosa (AL), onde saboreávamos as gostosas pinhas. Quanto ao almoço, dispensávamos a ida a restaurantes, já que minha mãe preparava de véspera um verdadeiro farnel, com arroz, galinha caipira e farofa. Quanto aos pequenos lanches, íamos fazendo à medida que o trem parava em algumas estações.
Agora leio em um jornal local que nosso Estado do Rio Grande do Norte cedeu a sua Catita para um museu em Recife, onde vive em verdadeiro abandono.
Catita era uma das pequenas locomotivas que ligavam Redinha à Ribeira, através da velha ponte de ferro cujos restos mortais ainda permanecem sobre o Rio Potengi e que fazia o trajeto desde o ano de 1916.
Era uma locomotiva a vapor, que fora depois substituída pelas locomotivas movidas a Diesel a partir de 1975.
Pois bem, por um verdadeiro ato de lesa majestade nossa Catita foi transportada para o museu do Trem, em Recife e lá permanece até hoje, sob virtual abandono. Puro ato de arbitrariedade, uma vez que Catita sempre serviu aqui, em Natal e daqui jamais deveria ter saído.
O IPHAN-RN deu parecer favorável no sentido de que a Catita, a qual se encontra atualmente em Recife e pertence ao Rio Grande do Norte, tenha sua vinda para Natal.
E mais, numa feliz idéia os Amigos do Patrimônio Histórico,Artístico, Cultural e da Cidadania, além do Centro de Tecnologia do Gás (CTGás) pretendem promover a restauração da locomotiva e do reboque, além da conversão de combustível e a construção de três vagões, visando fazer parte de um roteiro turístico de Natal que incluirá o bairro das Rocas, Ribeira e Cidade Alta.
Portanto, a Catita é nossa e o gato não lambe.
Mãos à obra!
quarta-feira, 23 de março de 2011
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