ESCRITOS DE JOAQUIM SÍLVIO CALDAS

Escritor, cronista e apaixonado por Natal
RN

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segunda-feira, 11 de julho de 2011

O pais dos extrremos

Na minha opinião somos o país dos extremos. Exemplos vários.

Comecemos pela proibição do trabalho infantil. Recentemente foi descoberto um autêntico trabalho escravo no Estado do Piauí. Como de resto existem vários pelo Brasil a fora que retiram as crianças de viverem potencialmente a infância e os seus direitos sociais, como o acesso à educação de qualidade.

Outrossim, é meritória a campanha que tenta a todo custo livrar nosso país da prostituição infantil, tanto ao longo das rodovias como nos nossos grandes centros urbanos. Porém, no duro, ninguém consegue acabar com os flanelinhas, desocupados e fumadores de crack. Estou me referindo às crianças na rua.

De há muito penso sobre o fenômeno e me atrevo a dar uma opinião. É muito fácil (ou menos problemático) localizar o trabalho escravo ou mesmo promover blitz espetaculosas. Via de regra previamente acompanhadas pelos chamados “furos” jornalísticos. Mas... o que fazer com as crianças desocupadas e que continuam fora da escola? Bem, aí vem a parte difícil e complexa. Muito fácil aplicar os rigores da lei e as fiscalizações espetaculosas. O que é mais difícil (o lado propriamente social), aí, deixa-se para depois...

Outra balela: o Brasil sem fome. Ou seja, aplica-se o dinheiro do contribuinte no falacioso fome zero, mas nada de se ensinar o povo a produzir, simultaneamente. A educação continua sendo criminosamente descuidada, pois um povo educado desenvolveria com mais eficiência seu senso crítico, o que vale dizer, melhor conscientização na hora da escolha dos governantes. Ou seja, povo de barriga aparentemente cheia é povo aparentemente feliz, para alegria de maus políticos.

Não tenho autoridade técnica para falar de estatísticas. Mas tenho pra mim que nossa Nação gasta muito mais com segurança do que com educação. Os resultados começam a florescer e vai dar trabalho para inverter a estatística. Hoje em dia pagamos à polícia, em geral, bem melhor do que aos nossos professores. Não que os policiais não mereçam. Mas os resultados do seu trabalho são imediatistas. A polícia prende, a Justiça solta e a bandidagem continua a florescer, ao passo que professores mal pagos e mal formados vão se marginalizando ou migrando para profissões que lhe asseguram uma qualidade de vida mais digna. Antigamente, ser professor no Brasil era uma honra e dava status. Hoje em dia, dá pena. Afinal, investir em educação é o mesmo que investir em saneamento. Trabalho de custo elevado e de resultados de futuro relativamente longínquo em relação às próximas eleições. Bem mais produtivo as obras de fachada.

Só para exemplificar: quantas escolas poderiam ser construídas com o dinheiro gasto nessa tal arena das dunas que demoliu nosso poema de concreto?

Acho que hoje amanheci de mal humor.

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