ESCRITOS DE JOAQUIM SÍLVIO CALDAS

Escritor, cronista e apaixonado por Natal
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domingo, 17 de novembro de 2013

Frei José Maria do Amor Divino


         Final da década de cinquenta. Congresso Carmelita, se não me falha a já vaga memória. Até o nome do frei, já não o garanto. Vale a pena apenas pela lembrança.

         Lá em casa, apesar de pequena, meu pai hospedou umas hóspedes sergipanas que vieram para o evento. Dentre elas, uma que iria se apresentar na semana seguinte para adotar os votos de candidata a freira salesiana.

         O ápice do congresso foi num domingo. O parque 13 de Maio estava apinhado. Por volta das 16 horas, surge a grande estrela: nada mais, nada menos, que o Frei José Maria do Amor Divino, ou como o povo teimava em aplaudir e proclamar: o frei José Mojica.

         José Mojica, aos meus olhos de criança, era homem de uns 2 metros de altura, meio agalegado e, apesar das vestes sóbrias franciscanas impunha um porte atlético de chamar atenção.

         Os aplausos só minguaram quando foi anunciado que o frei iria cantar em homenagem aos antigos admiradores uma única música profana (Jura-me) e em seguida cantaria uma ave-Maria.

         Para os mais jovens, relato. José Mojica era um artista de cinema mexicano que, graças ao seu sucesso, logo foi transferido e adotado para a meca cinematográfica, que sempre foi Hollywood. Porém no auge da fama eis a reviravolta. José Mojica renuncia à fama e à fortuna e ingressa num convento franciscano, vestindo a sotaina inspirada no famoso santo.

         Eu era criança, mas lembro-me de uma senhora sergipana, solteirona, que estava perto de mim. Dela ouvi sem querer o seguinte comentário.

         - Meu Deus, acho que pequei. Eu já fui tão apaixonada por esse frade. Mas ela era apenas um grande artista de cinema e cantor famoso. Mas acho que continuo apaixonada por ele.

         Levei muito tempo para entender o espírito da coisa.

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