Final da década de cinquenta. Congresso Carmelita, se não me falha a já vaga
memória. Até o nome do frei, já não o garanto. Vale a pena apenas pela
lembrança.
Lá em casa,
apesar de pequena, meu pai hospedou umas hóspedes sergipanas que vieram para o
evento. Dentre elas, uma que iria se apresentar na semana seguinte para adotar
os votos de candidata a freira salesiana.
O ápice do
congresso foi num domingo. O parque 13 de Maio estava apinhado. Por volta das
16 horas, surge a grande estrela: nada mais, nada menos, que o Frei José Maria
do Amor Divino, ou como o povo teimava em aplaudir e proclamar: o frei José
Mojica.
José Mojica,
aos meus olhos de criança, era homem de uns 2 metros de altura, meio agalegado
e, apesar das vestes sóbrias franciscanas impunha um porte atlético de chamar atenção.
Os aplausos só
minguaram quando foi anunciado que o frei iria cantar em homenagem aos antigos
admiradores uma única música profana (Jura-me) e em seguida cantaria uma
ave-Maria.
Para os mais
jovens, relato. José Mojica era um artista de cinema mexicano que, graças ao
seu sucesso, logo foi transferido e adotado para a meca cinematográfica, que
sempre foi Hollywood. Porém no auge da fama eis a reviravolta. José Mojica
renuncia à fama e à fortuna e ingressa num convento franciscano, vestindo a
sotaina inspirada no famoso santo.
Eu era criança,
mas lembro-me de uma senhora sergipana, solteirona, que estava perto de mim.
Dela ouvi sem querer o seguinte comentário.
- Meu Deus,
acho que pequei. Eu já fui tão apaixonada por esse frade. Mas ela era apenas um
grande artista de cinema e cantor famoso. Mas acho que continuo apaixonada por
ele.
Levei muito
tempo para entender o espírito da coisa.
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