ESCRITOS DE JOAQUIM SÍLVIO CALDAS

Escritor, cronista e apaixonado por Natal
RN

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quarta-feira, 14 de julho de 2010

O ter e o ser

Se você é capaz de jogar bem futebol, pelo menos aqui no Brasil, não precisa de mais nada na vida. Casas de campo, apartamentos de luxo, carros importados, enfim, o mundo ajoelha-se a seus pés e você se torna um ídolo das massas em geral. Um semi-deus.

Se você tem o perfil acima, isto é, um craque futebolístico, pode abandonar os livros, educação, bons costumes. Apega-se então apenas aos bens materiais. Atingindo a fama, jamais você irá precisar de ser, pois que o ter lhe basta.

O comentário acima não atinge a todos os jogadores. Claro que existem as exceções. Contudo, essa é a lição que temos legado aos nossos jovens.

E tem mais: as meninas boas de famílias más entregam-se de corpo e alma em busca desse ter majestático e exuberante. Não é preciso ser, basta o ter.

Esse o quadro que nossa sociedade estarrecida chora e lamenta agora, em relação à inditosa amante de famoso atleta de clube futebolístico tradicional do nosso país.

Ao longo dos fatos é que foram sendo descobertas a hipocrisia e a demagogia, assim como a busca por outros culpados além dos diretamente envolvidos no horrendo seqüestro seguido de brutal assassinado.

Pois eu digo que os culpados somos todos nós, sem exceção. Dos simples eleitores, que não sabem escolher os seus representantes, os que sonegam imposto, os que achacam os guardas de trânsito, aos que estacionam carros em locais destinados a deficientes sem o serem; enfim todos nós que, consciente ou inconscientemente continuamos a aplicar a famigerada lei de Gerson (“Gosto de levar vantagem em tudo”).

Assim, enquanto perdurarem os maus exemplos, por mais simplórios aparentemente que sejam, estaremos alimentando os monstros e hipocritamente estaremos nos escandalizando em relação aos atos por eles praticados.

Uma sociedade que permite o surgimento do dia para a noite de novos ricos, sem que cobre deles o aperfeiçoamento moral não pode esperar que surjam pessoas de bem. Mais dinheiro ganhou quem promoveu seus produtos graças ao nome do goleiro famoso. Portanto, cada um assuma sua culpa antes que as coisas piorem ainda mais.

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