ESCRITOS DE JOAQUIM SÍLVIO CALDAS

Escritor, cronista e apaixonado por Natal
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segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Tonheca Dantas - nosso Strauss

Era assim que Djalma Maranhão o tratava – “O Strauss Papa-Jerimum.

As novas gerações, tão envolvidas com as chamadas músicas da moda naturalmente não sabem do que estou falando. A moda agora é o axé, forrós pornográficos e outras músicas de gosto no mínimo duvidoso. Poucos já tiveram oportunidade de ouvir Royal Cinema, ou A Desfolhar Saudades, dentre outras verdadeiras obras primas do ilustre filho de Carnaúba dos Dantas.

Como os jovens da atualidade gozam do privilégio de irrestrito acesso à internet, convido-os a pesquisar no Google acerca desse gênio nascido no nosso Estado.

Antonio Pedro Dantas, seu nome de batismo, nasceu em 1871 e faleceu em 1940. Músico, compositor e maestro, produziu uma obra musical das mais extensas, pois foram mais de mil, entre valsas, dobrados, maxixes, hinos, xotes, polcas, marchas e outros gêneros musicais.

Sua mais famosa valsa – Royal Cinema, foi considerada na época da Segunda Guerra uma das dez valsas mais belas do mundo, sendo constantemente tocadas pela BBC de Londres, mas anunciada como sendo de autor desconhecido.

Homem de sete instrumentos, submeteu-se ao teste de seleção para escolha de maestro da banda de música da nossa Polícia Militar. Na ocasião o comandante entregou-lhe uma partitura e perguntou ao candidato que instrumento escolheria para executar a referida música. Ao que respondeu: qualquer um.

Espantados com a atrevida resposta do franzino matuto, a comissão determinou então que ele fosse executando a peça nos diversos instrumentos da banda. Aceito o desafio, assim que teve a partitura diante de si Tonheca não conteve a emoção e começou a chorar.

- Ora amigo, você não disse que tocaria em qualquer instrumento? Ficou com medo?

- Não senhor, me emocionei porque nem vou precisar ler a partitura, pois essa valsa é minha.

Era, de fato, a partitura da Royal Cinema.

Justiça se faça, o poeta Diógenes da Cunha Lima, quando Reitor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, produziu significativa discoteca divulgando autores norte-riograndenses, com destaque para várias músicas de Tonheca nos meios fonográficos da época.

Está na hora, agora, das nossas autoridades culturais produzirem CDs que reproduzam algumas músicas do grande maestro, para honra, glória e memória do nosso Estado, aproveitando não só a discografia produzida pelo então Reitor, além de reproduzir os artistas do Estado da atualidade..

Agradeço ao poeta, músico e meu amigo Welington Leiros muitas das informações contidas no presente artigo.

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