Essa é de Queiroz
Autor: Sílvio Caldas (jsc-2@uol.com.br)
Trocadilho à parte, Eça de Queiroz, escritor e pensador português que morreu em 1900, em Paris, nunca deixou, ainda que passando tempos no estrangeiro, de escrever sobre sua terra natal, fixando via de regra a raiz dos seus pensamentos a partir da província de Évora, onde provavelmente nasceu.
Wellington Leiros enviou-me na semana passada um e-mail sobre o mesmo Eça, falando sobre crises políticas e destacando, já no século dezenove, as semelhanças da crise entre Portugal e Grécia.
O curioso, entretanto das críticas ecianas, é a atualidade do pensamento dele em relação aos dias que nossa geração tem atravessado ao longo dos anos. Até parece que Eça está vivendo entre nós e descrevendo figurões que desfilam no nosso noticiário nacional. Enfim, lá e cá, a história se repete e o teatro é o mesmo, mudam-se apenas os figurantes.
Notem, por exemplo, o pequeno trecho abaixo e me digam com o que parece:
“(...) na escalada sobem todos os homens inteligentes, nervosos, ambiciosos (...) todos querem penetrar na arena, ambiciosos dos espetáculos cortesãos, ávidos de consideração e de dinheiro, insaciáveis dos gozos da vaidade.”
E em outro trecho do seu trabalho:
“Ordinariamente todos os ministros são inteligentes, escrevem bem, discursam com cortesia e pura dicção, vão a faustosas inaugurações e são excelentes convivas. Porém são nulos a resolver crises. Não têm austeridade, nem a concepção, nem o instinto político, nem a experiência que faz o ESTADISTA. (...) Política de acaso, política de compadrio, política de expediente. País governado ao acaso, governado por vaidades e por interesses, por especulação e corrupção, por privilégio e influência de camarilha, será possível conservar a sua independência”.
Bem, quem quiser saber mais procure ler o livro “Citações e Pensamentos de Eça de Queiroz”, isso se não quiser se contentar com o folhetim da história de Griselda.
segunda-feira, 5 de dezembro de 2011
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