ESCRITOS DE JOAQUIM SÍLVIO CALDAS

Escritor, cronista e apaixonado por Natal
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terça-feira, 20 de março de 2012

Chantagem política?

O ex-presidente Fernando Collor reconheceu, há anos, que um dos principais motivos do seu impeachment foi o seu distanciamento do Poder Legislativo. Ou seja, tivesse ele sido menos arrogante, vaidoso e distante, as traquinagens do seu assessor PC Farias, de fato, não teriam passado de um pequeno pecado venial, de menor importância, se quisermos comparar com os rombos atuais a partir do chamado mensalão.

A propósito, quem culminou com a derrota de Collor não foi nem a atuação do famoso PC, e sim, a compra daquele carrinho (Elba) de modo irregular. Ali foi a gota d’água. Imagine!

De fato, se compararmos os desmandos contra o Erário de Collor e PC Farias com os ladrões atuais, os primeiros são uns santos.

Mas minha preocupação é em relação à presidenta Dilma. Ou seja, sua falta de entendimento (a mesma que Collor teve) em relação às casas legislativas do nosso País. Considerando que há rachaduras (leia-se insatisfeitos, até no próprio partido governista), é preciso que ela tome muito cuidado em relação às próximas medidas envolvendo o Poder vizinho, principalmente tendo em vista o seu principal aliado que é o PMDB.

Um bom exemplo para reflexão é a saída abrupta do Partido Republicano das hostes governistas (sete Senadores, ou seja, praticamente dez por cento do Senado), que debandou-se para a oposição, não por motivos ideológicos ou filosóficos, ou mesmo políticos. Motivo declarado: a presidenta Dilma “demorou” em nomear o novo Ministro dos Transportes e que tinha que ser, necessariamente (?) daquele partido. A meu ver, justificativa pífia e que cheira a traição.

É preciso que a Presidenta estude a história recente do País, mesmo porque, nos anos pósteros da cassação de Collor o que vimos foi uma verdadeira enxurrada de cassações por corrupção de muitos que se perfilaram nas tribunas das duas casas legislativas para justificar, com a moral de uma vestal, o voto com que pretendiam dar lição de moral. Eles, também, que não tinham moral para cassar ninguém.

O Brasil não merece passar por nova crise política daquela dimensão.

Aliás, outro assunto que deve ser examinado com muito cuidado é esse da tentativa de enquadrar criminalmente o famoso major Curió. Talvez seja melhor concentrar as forças atuais para tentar acabar com a corrupção das licitações, notadamente em relação à área da saúde. Assuntos para outras leras.

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