Como bem lembrou o doutor Ney Lopes em judicioso artigo no Jornal de Hoje, o doutor Onofre Lopes levou a vida a salvar vidas. Mas agora, por ironia do destino, foi obrigado a tirar uma vida. É bem verdade que em defesa própria e de sua esposa, mas de qualquer modo, para um homem ético e cumpridor de seus deveres, o fato a que foi obrigado a se envolver naturalmente lhe tirou o sono, pois o ato praticado por ele contraria a natureza e o caráter de que é forjado. Herança genética (filho do grande Onofre Lopes) e de uma prática profissional vivida ao longo de décadas.
Sei que deve haver por aí alguns espíritos de porco a querer apurar a quantidade de tiros desferidos pela arma do doutor Onofre em defesa própria e de outrem (no caso, a esposa). Aliás, não sei como a Justiça vai encarar juridicamente a tragédia. Se interpretá-la como em legítima defesa, tudo bem! No entanto se interpretar como excesso de defesa, o facultativo de outrora, hoje ancião e aposentado, terá que enfrentar o júri popular e suas consequências psicológicas.
De uma coisa eu sei: se é verdade que é de se lamentar a morte de qualquer ser humano, notadamente em circunstâncias trágicas, como foi o caso do facínora, também é verdade que o doutor Onofre Júnior já foi punido pela própria consciência, pois um homem de bem como ele sempre o foi, a vida inteira, levará consigo até a consumação dos dias questionamentos (deve estar sem entender, até hoje), porque Deus lhe deu tão ingrato destino.
Creio que resta a nós humanos e que conhecemos a vida e a obra do doutor Onofre prestar-lhe a nossa solidariedade e um conforto merecido.
Quanto ao bandido que afinal foi o causador objetivo da tragédia, que Deus se apiede dele também e de seus familiares.
terça-feira, 20 de março de 2012
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