ESCRITOS DE JOAQUIM SÍLVIO CALDAS

Escritor, cronista e apaixonado por Natal
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terça-feira, 27 de março de 2012

Pelé e Romário

Sempre admirei Pelé, não como cidadão, mas como atleta exemplar. Como cidadão ele ficou a dever para sempre pelo seu comportamento em relação à filha que insistiu em não reconhecer. A única que era a cara dele.


Nunca apreciei Romário como atleta. Achava-o oportunista, em termos de goleador. Jamais alcançou, a meu ver, a genialidade de Pelé. No mais, tinha dele também péssima impressão. Talvez até um pouco de preconceito, sei lá!

Mas Romário, ao se aposentar do futebol agigantou-se, para mim, como cidadão. Ao contrário de Pelé, quando ele fala, não é um poeta. Revela ser um homem inteligente, sensível e está me parecendo ser um grande representante do povo na Câmara Federal. Hoje em dia, fora eu eleitor e do Rio de Janeiro, ele poderia contar com meu voto, sim.

Suas declarações são objetivas, inteligentes e às vezes grosseiras, como os chutes de bico que ele dava em campo. Para ilustrar a afirmativa, ele fala por exemplo: “Pelé falando é um Poeta”, “Eles não querem saber de nada” (referindo-se à maioria dos colegas da Câmara).

Em entrevista à Veja, da quinzena passada, e referindo-se à recente troca da direção da CBF foi curto e grosso: “Para mim, não muda nada na CBF. Foi a troca de um ruim por outro pior”.

Ainda em relação à Câmara, teve a coragem de se expor nos seguintes termos: “Todo mundo acha que no alto claro do Congresso está a nata da nata. Pois o que mais tem no andar de cima é gente no ócio, quando não está metida em pilantragem”. Não se refere ao “Ócio criativo” de Domenico De Masi.

Pois é, Romário deve ter herdado essa objetividade nos campos de futebol. Objetividade que não condiz com a politicagem e as malemolências da maioria de nossos representantes. Desse jeito ele se torna antipático e mal visto entre seus pares. E ainda bem que ele é assim.

Mas o que mais me orgulha em ter Romário como um representante do povo e como cidadão da República é o seu amadurecimento como adulto e como pai de família. Chega a ser emocionante a declaração dele à esposa: “Nossa menininha nasceu diferente”. Ela respondeu: ‘Calma, vai ficar tudo bem’. Nunca escondi a Ivy de ninguém. Ao contrário. É o meu orgulho”.

Ao contrário de Pelé, o poeta, Romário sim, faz poesia e da boa.

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