ESCRITOS DE JOAQUIM SÍLVIO CALDAS

Escritor, cronista e apaixonado por Natal
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segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Alberlita - um retrato e um poema

Os fotógrafos e artistas plásticos em geral buscam restaurar as pessoas em seus melhores ângulos, seus melhores momentos psicológicos, para que justamente apareçam bem para a posteridade.


Por isso mesmo, não gosto dos retratos em geral. No fundo eles buscam a pose que melhor beneficie o retratado. Prefiro os instantâneos, retratos que são tirados ao talante, em momentos nem sempre os mais favoráveis, uma vez que eles espelham bem melhor a verdadeira alma do retratado.

Aprecio Alberlita por isso. Ela está sempre bem, tanto na foto, como na pintura, como na poesia. Ela é autêntica. Não faz pose. É de nascença. Porte, garra, personalidade, bom humor e liderança. Tudo lhe é inato.

Nosso conhecimento beira há meio século, o que não é pouco para uma existência humana. Jamais a vi abatida. Cabeça erguida, sorriso nos lábios, ainda quando se acha envolta em alguma tristeza ou lamentando alguma perda. De otimismo inabalável, ela consegue sempre ver o lado bom das coisas.

Se a casa de Alberlita estiver pegando fogo, não pensem que ela vai se acocorar para chorar. Lutadora como ela é, vai por certo ,apagar as chamadas e ao final do incêndio por certo comentará: ainda bem, afinal, já estava na hora de trocar os móveis dessa casa e renovar-lhe a pintura. Tal é o espírito dessa eterna jovem mulher.

Conheci a “negona”, como carinhosamente a chamamos, durante seu único casamento, com meu finado amigo desembargador Duarte Neto, em Recife. Companheirismo sofrido, cheio de altos e baixos, mas que Alberlita soube bem aproveitar para aprimorar seus conhecimentos jurídicos. Filha de pais pobres, a única coisa que deles herdou foi o melhor de tudo – a educação.

Tendo iniciado sua carreira profissional como advogada, em seguida fez concurso para o Ministério do Trabalho, chegando a assumir posteriormente a titularidade da Delegacia Regional daquele Ministério, Caruaru - Pernambuco e após a aposentadoria por tempo de serviço passou a liderar o Sindicato da classe. O dinamismo nato não permite que esta mulher pare. Incansável, desbravadora, à frente do seu tempo, admirada, esta é Alberlita pincelada em preto e branco. As cores que iluminam sua vida ficam por conta do olhar daqueles que com ela têm a oportunidade de conviver.

Certa feita, precisamente em 2 de julho de 1982, do alto do Bonsucesso, em Olinda, onde minha amiga morou, ao esperar por ela para nos reunirmos a outros amigos, assim escrevi:

A CASA DE ALBERLITA

Lá fora, o coqueiral frondoso,

Que orgulhoso,

Mexe e remexe suas palmas

Anunciando, enfim, o arrebol.

Dali também se espraia o casario,

Mesclando o presente com o passado,

Lado a lado,

Como se o tempo, acaso, ali parasse...

Além, muito além, o mar azul,

Envolvendo em moldura modernista,

A praia, os montes, as ladeiras,

As torres das igrejas centenárias,

Lembranças de batalhas legendárias

De um conquistador enamorado.

Daqui, não só eu vejo, em sinto Olinda,

Além do que, a par tão bela vista,

Subindo a ladeira do mirante,

Desponta saltitante a ALBERLITA!

.....

Oh tempos imemoriais!

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